Lista de sancionados sem qualquer cidadão russo com visto 'gold'
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse hoje que "não há neste momento qualquer cidadão russo" em Portugal com visto 'gold' que faça parte da lista das pessoas sujeitas às sanções decididas por Bruxelas.
"Não há neste momento nenhum cidadão russo com uma Autorização de Residência para Investimento atribuída que esteja na lista dos sancionados", afirmou Santos Silva à Lusa, referindo que este foi o resultado do cruzamento de informações com o Ministério da Administração Interna.
O governante acrescentou que "há um cidadão que faz parte da lista dos sancionados e que estava num processo de candidatura a um visto 'gold' e esse processo foi suspenso".
"Cautelarmente nós suspendemos o processamento de quaisquer pedidos de visto 'gold' por parte de cidadãos russos visto que, como aprovamos um regime dinâmico de sanções, por prudência é melhor suspender a análise de qualquer pedido apresentado por uma pessoa de nacionalidade russa", sublinhou o ministro.
No sábado, em declarações à CNN Portugal, Augusto Santos Silva anunciou que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras [SEF] já tinha suspendido "a apreciação de qualquer dossiê de candidatura para autorizações de residência para investimento, vulgo vistos 'gold', de cidadãos russos".
O investimento oriundo da Rússia captado pelo programa vistos 'gold' totaliza mais de 277,8 milhões de euros em nove anos e o da Ucrânia soma 32,5 milhões de euros, segundo dados do SEF avançados pela Lusa na sexta-feira.
No total, desde que o programa de Autorização de Residência para Atividade de Investimento (ARI) foi lançado, foram concedidos 431 vistos 'gold' a cidadãos russos, o que corresponde a um investimento de 277.811.929,38 euros, de acordo com o SEF.
Já este ano, foram atribuídos sete vistos 'dourados' a cidadãos russos.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram cerca de 200 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.