O desenrolar da guerra na Ucrânia nas últimas horas
Exército reassume controlo de Kharkiv, sanções à Rússia aumentam
A Ucrânia continua a resistir ao ataque russo e reassumiu o controlo de Kharkiv, a segunda maior cidade do país, enquanto no estrangeiro se reforça o envio de ajuda e se multiplicam as medidas para penalizar a Rússia.
As forças ucranianas reassumiram o controlo de Kharkiv, disse hoje o governador regional, Oleg Sinegubov, horas depois de ter anunciado um avanço do exército russo e combates de rua na segunda cidade da Ucrânia.
"Kharkiv está sob o nosso total controlo", escreveu Sinegubov nas redes sociais, citado pela agência francesa AFP.
As autoridades ucranianas tinham anunciado de madrugada a entrada do exército russo em Kharkiv (norte) e o cerco de duas cidades no sul da Ucrânia, Kherson e Berdiansk, no quarto dia da invasão do país.
Segundo o Ministério da Saúde da Ucrânia, pelo menos 198 civis, incluindo três crianças, foram mortos e 1.115 pessoas ficaram feridas desde quinta-feira. A ONU registou no sábado pelo menos 64 mortos entre civis e centenas de milhares de pessoas sem água ou eletricidade.
Dezenas de militares ucranianos perderam a vida nos combates e Kiev, que reivindica ter matado 4.300 soldados russos e que hoje lançou um 'site' que permite que parentes de soldados russos conheçam seu destino. Moscovo mantém silêncio sobre as suas perdas.
Aos ataques russos contra aeródromos e refinarias ucranianas, os Estados Unidos e a União Europeia, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
Vários países, incluindo Alemanha, França, Itália, países escandinavos e do Benelux, anunciaram hoje o encerramento do seu espaço aéreo a aviões russos. No sábado, o Ocidente excluiu numerosos bancos russos do sistema internacional de pagamentos Swift, essencial para os fluxos financeiros mundiais, uma decisão à qual o Japão aderiu hoje.
Tóquio anunciou ainda que entregará mais armas à Ucrânia, como prometeram nas últimas horas vários países incluindo a Alemanha - que rompeu com a sua política tradicional de não exportar armas para zonas de conflito e vai enviar mil lança-roquetes anti-tanque e 500 mísseis terra-ar -- e Portugal, que mandará espingardas G3, granadas e diverso equipamento militar como coletes e capacetes.
Washington prometeu uma nova ajuda militar de 350 milhões de dólares (310,5 milhões de euros).
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que Kiev pediu ao Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, que ordene a Moscovo uma cessão das hostilidades.
"Vassylkiv, Cherniguiv, Sumi, Kharkiv e muitas outras cidades vivem em condições que não víamos (...) desde a Segunda Guerra Mundial", indicou, acusando a Rússia de considerar as áreas habitadas "como um alvo legítimo".
Zelensky elogiou a formação de uma "coligação antiguerra" internacional para apoiar a Ucrânia e convocou os estrangeiros para irem lutar "contra os criminosos de guerra russos" na "Legião Internacional" que está a ser formada no país.
Desde quinta-feira, cerca de 368.000 refugiados fugiram dos combates na Ucrânia para os países vizinhos, segundo a ONU. A Polónia registou à volta de 156.000 e a Alemanha tornou gratuitos os comboios para todos os ucranianos em fuga.
O Papa Francisco apelou à abertura "urgente" de corredores humanitários e pediu o fim do conflito.
Mas o exército russo, cujo "heroísmo" foi saudado pelo Presidente Vladimir Putin, recebeu no sábado ordens para alargar a ofensiva, devido ao facto de Kiev ter recusado negociações, e hoje para colocarem a sua força dissuasora em alerta máximo, que pode incluir a componente nuclear, devido a "declarações agressivas" do Ocidente.
Entretanto, a presidência da Ucrânia anunciou que concordou em participar em conversações com a Rússia na fronteira com a Bielorrússia, perto de Chernobyl, após mediação do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.
O anúncio surgiu depois de a Rússia ter divulgado que uma delegação russa iria participar em conversações com representantes ucranianos na Bielorrússia, país aliado de Moscovo.