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Atenas acusa Moscovo de cometer "assassinatos" de ucranianos de origem grega

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O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Grécia exigiu hoje que a Rússia interrompa os ataques aéreos na Ucrânia, acusando o país pelo "assassinato" de pelo menos 10 ucranianos de origem grega.

"Pedimos à Federação Russa que cesse imediatamente os seus ataques aéreos e todas as ações contra civis", apelou o ministério grego, em comunicado.

O ministério vai convocar no domingo o embaixador russo em Atenas para protestar contra a morte dos civis gregos.

Pelo menos 10 membros da comunidade grega da Ucrânia, que soma mais de 100.000 pessoas, foram mortos hoje em ataques aéreos que Atenas considera de "atos criminosos inaceitáveis".

Seis dessas mortes ocorreram na vila de Sartana (Sul), ou perto dela, onde outras seis pessoas de origem grega também ficaram feridas, incluindo uma criança, informou o ministério.

Foram vítimas de um "assassinato aéreo", acrescentou.

"As mortes de descendentes de gregos são motivo de tristeza e raiva por este ato inaceitável de agressão russa contra civis", avançou o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, na rede social Twitter.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros acrescentou que o chefe da diplomacia grega, Nikos Dendias, tinha discutido a proteção dos gregos que vivem na Ucrânia durante uma reunião com seu colega russo, Sergey Lavrov, poucos dias antes do início da ofensiva russa.

Em comunicado, a embaixada da Rússia em Atenas expressou hoje a sua "profunda tristeza" pelas mortes, mas disse que a Rússia estava "exclusivamente" visando alvos militares na Ucrânia.

"Não estamos a bombardear áreas e aldeias povoadas ou qualquer infraestrutura política ou cultural", disse a embaixada, acrescentando que os militares ucranianos e "os esquadrões nazis nacionalistas são conhecidos há anos por atingirem civis".

"A Grécia expressa seu horror e condena categoricamente o bombardeio de civis por um avião russo nos arredores da aldeia de Sartana (Sudeste) hoje cedo, que resultou na morte de dois gregos e no ferimento de outras seis pessoas, incluindo uma criança", disse o ministério em comunicado.

Poucas horas depois, o ministério acrescentou que outros quatro membros da minoria grega tinham sido mortos na aldeia de Bugas (sul).

Já no nordeste da Ucrânia, perto da cidade de Okhtyrka, dois jornalistas dinamarqueses foram feridos por tiros hoje, mas as suas vidas não estão em perigo, segundo o jornal diário Ekstra Bladet, para o qual trabalham como 'freelancers'.

O repórter Stefan Weichert e o fotógrafo Emil Filtenborg Mikkelsen foram baleados e feridos quando trabalhavam para o jornal dinamarquês perto da cidade de Okhtyrka, a cerca de 50 quilómetros da fronteira com a Rússia.

Apesar de usarem coletes à prova de balas, os repórteres ficaram feridos quando o seu carro foi alvo de tiros de origem indeterminada.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos 198 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 150.000 deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), UE e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.