Criados postos de acolhimento de refugiados na fronteira da Polónia
A embaixada da República da Polónia em Lisboa anunciou hoje que estão a ser criados postos de acolhimento junto à fronteira para receber os refugiados ucranianos, fornecendo uma refeição quente e alojamento provisório.
"Foram criados, na proximidade imediata das passagens fronteiriças, postos de acolhimento de refugiados ucranianos. Cada refugiado que entrar no território da Polónia pode dirigir-se a tal posto, onde irá receber uma refeição quente, lugar para descansar, apoio médico e todas as informações necessárias. Pessoas que não tenham para onde ir podem também obter alojamento provisório", refere uma nota da embaixada enviada à agência Lusa.
Segundo a embaixada, a transportadora ferroviária PKP Intercity oferece ainda transporte gratuito aos ucranianos para maiores cidades polacas, a partir de estações de comboio localizadas nas proximidades da fronteira.
Nas gares de comboio de todas as capitais regionais estão a funcionar postos de informação para refugiados e as autoridades das grandes cidades polacas estão a preparar alojamento para as pessoas que não têm onde ficar.
As autoridades polacas estão a introduzir "urgentemente um conjunto de diplomas e emendas à legislação vigente, cujo objetivo é eliminar impedimentos legais à entrada e permanência dos refugiados ucranianos no território da Polónia", lê-se na mesma nota.
Foram também facilitadas de "forma significativa as restrições à entrada relativas aos documentos de viagem de pessoas adultas (admite-se entrada com passaporte interno ou com bilhete de identidade) e de menores (possível entrada de crianças sem documento de viagem, acompanhadas de certidão de nascimento), bem como as restrições relativas à pandemia de covid-19 (levantado o dever de quarentena)".
"A Polónia facilitou as regras para entrada de animais de estimação" sem documentação completa, evitando o seu abandono na Ucrânia e estão a decorrer os "trabalhos legislativos que visem facilitar a legalização de permanência dos ucranianos no território nacional por um período superior ao previsto na legislação atual" e a extensão desse período para quem já se encontra na Polónia.
Está ainda a funcionar um 'site' no Serviço de Estrangeiros polaco, dedicado aos refugiados ucranianos e às pessoas que os querem ajudar, disponível em ucraniano, polaco, inglês e russo. Foi ainda criada uma linha de apoio.
"A chegada de um grande fluxo de refugiados da Ucrânia constitui um enorme desafio em termos logísticos e infraestruturais, mas o mais importante é abrigar os nossos vizinhos que fogem ao perigo. Cada pessoa que foge à guerra na Ucrânia é bem-vinda na Polónia e obterá o melhor apoio que lhe conseguimos proporcionar", destaca a nota da embaixada.
O vice-ministro do Interior polaco, Pawel Szefernaker, disse hoje que 100 mil ucranianos atravessaram a fronteira para a Polónia desde o início da invasão russa, na quinta-feira.
As declarações do governante surgem no mesmo dia em que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) disse que o número de refugiados já ultrapassou os 120 mil.
De acordo com a vice-alta comissária da agência das Nações Unidas, Kelly Clements, os ucranianos estão principalmente a fugir para a Polónia e para a Moldávia, mas também para a Roménia, Eslováquia e Hungria.
"Vemos agora mais de 120 mil pessoas que foram para todos os países vizinhos, a receção que estão a ter das comunidades locais, das autoridades locais, é tremenda, mas é uma situação dinâmica, e estamos muito devastados, obviamente, com o que vem a seguir", disse Kelly Clements em entrevista à CNN, na qual vincou que a situação deverá piorar nos próximos dias.