A Guerra Mundo

Oposição na Venezuela alerta para expansão militar russa na América Latina

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A oposição venezuelana avisou sexta-feira os países-membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a expansão militar russa na Venezuela e na América Latina, voltou ainda a condenar a invasão à Ucrânia.

"Desde há anos que temos vindo a advertir sobre a expansão da presença militar russa na América Latina", disse Gustavo Tarre Briceño, representante da oposição venezuelana, durante uma reunião do Conselho da OEA sobre a invasão da Rússia à Ucrânia.

"Na Venezuela, temos visto não apenas militares russos e mercenários desse país, mas também soldados das forças especiais que têm estado envolvidos em atividades de treino militar e na proteção e tráfico ilícito de reservas minerais do sul do Orinoco", sublinhou Briceño.

O delta do rio Orinoco é conhecido por ter as maiores reservas petrolíferas do mundo.

O opositor recordou que "pouco antes da invasão a Ucrânia, o ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia declarou a intenção do governo de Putin de aumentar a presença militar russa na Venezuela e em Cuba, incluindo o estabelecimento de bases".

"Isto seria uma violação flagrante do Artigo 13 da constituição venezuelana, que afirma que o espaço geográfico venezuelano é uma zona de paz (...): Não se poderá estabelecer nele bases militares estrangeiras, ou instalações que tenham de alguma maneira propósitos militares, de parte de nenhuma potência ou coligação de potências", explicou Briceño.

O representante da oposição iniciou a sua intervenção explicando que "a invasão ordenada pelo Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, à Ucrânia, representa uma violação do direito internacional e muito particularmente do princípio de respeito pela soberania e pela livre determinação dos povos, que está claramente estabelecido na constituição" da Venezuela.

"Expressamos a nossa mais contundente condenação à invasão de que a Ucrânia está a ser vítima", sublinhou.

Briceño criticou a posição do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro: "não apenas apoiou a invasão, como também acusou a Ucrânia de querer destruir militarmente a Rússia como se fosse o agressor fosse o agredido".

"Afirmamos claramente que Maduro não é a Venezuela nem representa os sentimentos do povo venezuelano", sublinhou o opositor.

Briceño concluiu afirmando que a oposição venezuelana tem dado "pleno apoio à heroica resistência do povo ucraniano e a todas as ações que têm sido feitas e que venham a ser feitas, para o imediato cessar das hostilidades," destacando os esforços do apa Francisco".

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100 mil deslocados no primeiro dia de combates.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e 'desnazificar'" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.