O que vale uma escola
A Secretaria da Educação anunciou novos encerramentos de escolas, algumas delas no concelho de Santa Cruz. A decisão é tomada com base no número de alunos existente em cada estabelecimento de ensino e, segundo o responsável da tutela, tudo é decidido depois de ouvidos os interlocutores locais. Mas estas duas questões são apenas aparentemente pacíficas e consensuais.
Vamos primeiro à questão da audição dos interlocutores locais. Não se sabe muito bem o que entende o governante por interlocutores locais, mas claramente os interlocutores do secretário da Educação não são aqueles que a população considera seus interlocutores e aos quais tem acesso direto. É que estas decisões de encerramento de escolas apanham sempre de surpresa, por exemplo, a Câmara Municipal e os pais. E os pais, como é lógico, colocam questões à sua autarquia. Que fique, por isso, claro que connosco ninguém falou, porque se o tivessem feito iríamos defender a manutenção das nossas escolas e o interesse da nossa população.
E aqui chegamos à questão do número de alunos que compõem cada estabelecimento de ensino e que para a tutela serve de única razão válida para a decisão de encerramento de alguns estabelecimentos de ensino. Entendo que fechar uma escola com base neste argumento é uma falácia e uma pobreza de espirito relativamente ao papel de uma escola numa comunidade. A escola é um centro congregador, um orgulho local, um lugar de memórias e uma referência. Fechar uma escola apenas com base no número de alunos é um erro e é desprezar o trabalho meritório de ligação à comunidade que muitas escolas desenvolvem, nomeadamente nos locais mais distantes e isolados.
Senhor secretário, uma escola vale muito mais do que a contabilidade dos seus alunos. Uma escola é uma comunidade viva e matá-la é também matar um pouco dessa comunidade, da sua história e do seu sistema de afetividade.
E o que me custa ainda mais é saber que se fecham as escolas e se deixa o património ao abandono, recusando todas as propostas para aproveitar esse património em prol da comunidade. É o que está a acontecer com a Escola do Rochão, apesar dos nossos pedidos à Secretaria da Educação para aproveitamento daquele espaço. Pedidos que ficam sempre e invariavelmente sem resposta.
No entanto, e apesar da Secretaria da Educação persistir em ignorar as autarquias nestas e noutras decisões e com esse posicionamento ignorar também as pessoas que aqui vivem, torno público o meu compromisso de fazer tudo o que estiver ao meu alcance para minimizar estas decisões, nomeadamente garantindo o transporte aos alunos que têm de ser deslocados para outros estabelecimentos de ensino, e continuar a lutar para que as nossas escolas se transformem em locais de interesse e serviço à comunidade.