Sérvia mantém o silêncio perante invasão russa
O presidente sérvio, o nacionalista Aleksandar Vucic, tem agendada uma declaração sobre os acontecimentos na Ucrânia para esta tarde, no seguimento de 36 horas de silêncio desde o ataque russo
A Sérvia, um aliado próximo da Rússia que negocia há anos a adesão à União Europeia, é até agora o único país europeu que não condenou a invasão russa da Ucrânia.
O Presidente sérvio, o nacionalista Aleksandar Vucic, tem agendada uma declaração sobre os acontecimentos na Ucrânia para esta tarde, no seguimento de 36 horas de silêncio desde o ataque russo.
Na terça-feira, antes da invasão, o líder sérvio tinha defendido a integridade territorial da Ucrânia, mas recusou-se a condenar a Rússia pela concentração de tropas em torno da Ucrânia, citando relações históricas com Moscovo.
Entretanto, a imprensa pró-governamental sérvia, próxima do Presidente, tem vindo a relatar o início dos conflitos armados com clara simpatia pela Rússia.
A Novosti, uma das maiores agências de notícias da Rússia, afirmou que o ataque "é uma resposta às ameaças da NATO, enquanto o tabloide sérvio Informer fala de um "ataque relâmpago de Putin" e o jornal Alo lançou hoje a manchete "Furacão russo atinge a Ucrânia" e afirma que as sanções europeias contra a Rússia, às quais a Sérvia não aderiu, "estão em pé escorregadio".
Vucic reconheceu há alguns dias que 80% dos meios de comunicação sérvios "não são objetivos e estão do lado russo aconteça o que acontecer", enquanto os restantes 20% são, à partida, opositores dos russos.
Em 2014, a Sérvia não impôs sanções à Rússia durante a crise da Ucrânia, ao contrário dos países da UE.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.