Sanções da UE com máximo impacto na economia e elite russas
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse hoje que as novas sanções da União Europeia (UE) à Rússia, aprovadas esta madrugada pelos líderes europeus, terão "máximo impacto na economia russa e na elite política".
"O pacote de sanções massivas e específicas, aprovado esta noite pelos líderes europeus, demonstra claramente que terá o máximo impacto na economia russa e na elite política e é construído com base em cinco pilares", referiu Ursula von der Leyen.
Falando em conferência de imprensa após uma cimeira de urgência em Bruxelas dos chefes de Governo e de Estado da UE, entre os quais o primeiro-ministro português António Costa, a líder do executivo comunitário elencou que estão abrangidos "o setor financeiro, energético, dos transportes, a proibição do financiamento das exportações e a política de vistos".
"Primeiro, este pacote inclui sanções financeiras que cortam o acesso dos atores russos aos mercados de capitais mais importantes, visando 70% do mercado bancário russo, mas também as principais empresas estatais, incluindo o campo da defesa, e estas sanções aumentarão os custos de empréstimo da Rússia, aumentarão a inflação e desgastarão gradualmente a base industrial russa", destacou Ursula von der Leyen.
Incluída está, também, "a elite russa, restringindo os depósitos para que não possam continuar a esconder o seu dinheiro em portos seguros na Europa", acrescentou.
Em termos energéticos, e numa altura em que a UE é bastante dependente energeticamente da Rússia, haverá uma "limitação à exportação que atingirá o petróleo, impossibilitando a Rússia de modernizar as suas refinarias de petróleo, o que deu de fato à Rússia receitas de exportação de 24 mil milhões de euros em 2019", de acordo com a responsável.
Acresce "a proibição de venda de todas as peças sobressalentes e equipamento aeronáutico às companhias aéreas russas, o que degradará o setor chave da economia russa e a conectividade do país", apontou, falando em limites ao "acesso da Rússia a tecnologia crucial".
"E, finalmente, em matéria de vistos, os diplomatas, grupos e empresários relacionados deixarão de ter acesso privilegiado à União Europeia", adiantou Ursula von der Leyen, explicando que, "estas medidas são estreitamente coordenadas com os parceiros e aliados", como os Estados Unidos e o Reino Unido.
"A nossa unidade é a nossa força. O Kremlin sabe disso e tentou o seu melhor para nos dividir, mas falhou completamente e conseguiu exatamente o oposto: estamos mais unidos do que nunca e estamos determinados", concluiu.
Na sua intervenção, Ursula von der Leyen lamentou ainda que "os acontecimentos de agora sejam um momento de viragem para a Europa", com muitos civis a "temerem pelas suas vidas".
"E tudo isto acontece em 2022 no próprio coração da Europa", condenou.
As novas medidas restritivas surgem menos de um dia após o aval formal a uma lista de 27 entidades e indivíduos, entre os quais o ministro da Defesa russo.
A Rússia lançou na madrugada de quinta-feira uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocou pelo menos meia centena de mortos, 10 dos quais civis, em território ucraniano, segundo Kiev.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo dos seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional.