Kiev espera apoio de NATO e UE, incluindo armas e ajuda humanitária
Declarações da Embaixadora em Lisboa
A embaixadora ucraniana em Portugal declarou hoje que "a Ucrânia espera o apoio da NATO e da União Europeia" para combater a ofensiva russa ao país, não só impondo sanções, mas fornecendo a Kiev armas e ajuda humanitária.
"A Rússia atacou a Ucrânia e agora temos uma situação muito complicada porque a Rússia está a fazer ataques em várias direções", disse a embaixadora, Inna Ohnivets, no final de um encontro com o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, no palácio de Belém, em Lisboa.
Acrescentou que a situação é complicada apesar de "o exército ucraniano estar a lutar", tendo, por exemplo, impedido as forças russas de capturarem "uma cidade com o nome simbólico de 'Felicidade', na região de Lugansk", em combates em que foram mortos 50 militares russos.
Devido à intensidade da ofensiva em três frentes hoje lançada por Moscovo sobre o país vizinho, "a Ucrânia espera o apoio da NATO e da União Europeia", não só através da imposição de sanções à Rússia, mas "também, se for possível, apoio militar".
"A Ucrânia não é membro da NATO, mas se a Ucrânia for ocupada pela Rússia, pergunto: 'Qual será o país seguinte?'. E pode ser um membro da NATO. Por isso, a Ucrânia agora está a defender não só o seu território, mas a toda a Europa", argumentou.
A diplomata ucraniana aproveitou "a oportunidade para expressar a sua gratidão profunda a Portugal pelo apoio" à Ucrânia, assinalando a "posição clara" quanto à situação expressa pelo Presidente da República e pelo Governo portugueses.
"E, para nós, isso é um apoio grande. Muito obrigada", frisou, acrescentando: "Precisamos do apoio de Portugal e pedimos o fornecimento de armas à Ucrânia e também de assistência humanitária".
"Pedimos ao senhor Presidente e ao Governo português, enviámos através do Ministério dos Negócios Estrangeiros os nossos pedidos e contactámos com o Ministério da Defesa de Portugal para obter esta assistência", precisou a diplomata.
"Como sabem, vivem aqui aproximadamente 30.000 ucranianos que também apoiam a sua pátria. Eles não são como os cidadãos da Ucrânia, muitos deles têm cidadania dupla e, para eles, a Ucrânia e Portugal são duas pátrias", observou.
A embaixadora ucraniana indicou ter a informação de que "mais de 200 cidadãos portugueses vivem na Ucrânia e agora estão à espera de vir para Portugal".
"A embaixada de Portugal em Kiev está a resolver esta questão e a nossa embaixada também está envolvida", precisou.
As regiões mais atacadas são, segundo apontou, as regiões de Lugansk e Donetsk, a região de Donbass, explicando que "também há ataques à região de Kiev".
"Temos também informação sobre ataques na região de Kherson, perto da Crimeia, uma zona que os russos querem ocupar", acrescentou.
Inquirida sobre se há tropas russas em Kiev, a diplomata disse não dispor dessa informação, referindo: "Posso dizer que hoje de manhã, os russos bombardearam o aeroporto de Boryspil, perto de Kiev, mas temos contactos com os nossos colegas, os amigos, com as nossas famílias em Kiev e a comunicação entre embaixadas e o centro está a funcionar".
"Por isso, tudo está bastante normal: o nosso Governo está a funcionar, o Ministério dos Negócios Estrangeiros também está a funcionar, e há comunicações com as embaixadas", resumiu Inna Ohnivets.
A Rússia lançou hoje de madrugada uma ofensiva militar com três frentes sobre a Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que as autoridades ucranianas dizem ter provocado dezenas de mortos nas primeiras horas.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que o ataque é a resposta a um "pedido de ajuda das autoridades das repúblicas de Donetsk e Lugansk", no leste da Ucrânia, cuja independência reconheceu na segunda-feira, e visa a "desmilitarização e desnazificação" do país vizinho.
O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico-Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU.