"É muito importante cada um sentir que a paz depende de si"
Cardeal madeirense Tolentino Mendonça reforça apelo do Papa a jornada de jejum pela paz
O cardeal José Tolentino Mendonça considerou hoje "fundamental" reforçar o apelo do Papa para que, a próxima quarta-feira, dia em que começa a Quaresma, seja "uma ocasião de comunhão entre todos os homens", com vista à paz na Ucrânia.
O Papa Francisco exortou crentes e não-crentes a fazerem do próximo dia 02 de março, Quarta-feira de Cinzas no calendário católico, uma "jornada de jejum pela paz".
"Jesus ensinou-nos que, à insensatez diabólica da violência, se responde com as armas de Deus, com a oração e o jejum", disse o pontífice na audiência pública desta quarta-feira, no Vaticano.
Hoje, em declarações à agência Ecclesia, o cardeal Tolentino Mendonça lembrou que o jejum "é uma prática transversal a várias religiões e a várias culturas", ao mesmo tempo que sublinhou a necessidade de "dar lugar à ponderação das necessidades" dos outros.
"Neste contexto dramático que estamos a viver, é muito importante cada um sentir que a paz depende de si, a paz depende de cada um de nós", disse o arquivista e bibliotecário da Santa Sé, defendendo uma nova atitude, que precisa de "gestos concretos, simbólicos, existencialmente fortes".
Entretanto, em mensagem hoje divulgada no Twitter, o bispo do Porto, Manuel Linda, convidou "toda a diocese a rezar insistentemente pela paz na Ucrânia".
"Da Ucrânia, chegam-me instantes pedidos de oração, referindo a necessidade de todos estarmos despertos como eles o estão devido ao 'som das fortes explosões de mísseis' um pouco por todo o país", escreveu Manuel Linda na sua mensagem.
Também o arcebispo de Braga recorreu às redes sociais, neste caso o Facebook, para escrever que "a Europa amanheceu em guerra" e as imagens e os sons de ataques da Rússia por toda a Ucrânia "quebraram o silêncio da noite" e colocam em dúvida perante um futuro incerto".
"As nossas orações estão com o povo da Ucrânia e com todos aqueles que possam vir a ser afetados por esta guerra. Rezem, rezem muito, peço-vos. Pedimos a intercessão de Deus, nosso Pai Todo-Poderoso, para acabar com esta situação, que já tantas perdas de vidas inocentes causou", pode ler-se na mensagem do arcebispo José Cordeiro.
O cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, também já havia recorrido ao Twitter para alertar para "as notícias tristes que vêm da Ucrânia" e pedir "a Deus para que todos tenham a coragem de parar todas as ações bélicas e, finalmente, consiga reinar a paz no mundo".
Já em Fátima, no passado domingo, o cardeal António Marto exortara os católicos portugueses a rezarem pela paz na Ucrânia, sublinhando que, face à ameaça de guerra, "é necessário despertar da indiferença".
Na última missa a que, como administrador apostólico da diocese de Leiria-Fátima presidiu no Santuário de Fátima, António Marto alertou para o "contexto atual que o mundo conhece e atravessa, após longo período de fragilidades, feridas, incertezas, luto e medos, em que paira uma ameaça de guerra. É necessário despertar da indiferença, da apatia, do cansaço espiritual, do desânimo que pode levar ao fatalismo".
Na sequência deste apelo, o Santuário de Fátima anunciou a realização de uma "corrente de oração pela paz na Ucrânia", que decorre até ao final desta semana, com "explícita referência a esta intenção na oração do terço, no Santuário".
No próximo domingo, o percurso entre a Igreja Paroquial de Fátima e os Valinhos [local da quarta aparição] vai ser palco de uma procissão de velas pela paz na Ucrânia.
Bispos católicos portugueses condenam "invasão pela Rússia"
Por seu lado, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) condenou hoje, "veementemente, a guerra na Ucrânia" e manifestou solidariedade para com a população ucraniana, "em particular, para com a numerosa Comunidade Ucraniana em Portugal".
Em comunicado, os bispos católicos portugueses criticam a guerra que "teve início esta madrugada, com a invasão da Ucrânia pela Rússia".
A CEP, "em sintonia com o Santo Padre e com o apelo pela Paz das Conferências Episcopais da Europa, condena veementemente a guerra na Ucrânia e propõe que todas as pessoas, comunidades e instituições da Igreja rezem pela paz na região, assumindo o dia 02 de março, Quarta-feira de Cinzas, como um Dia de Jejum e Oração pela Paz na Ucrânia".
No comunicado, a Conferência Episcopal, além de manifestar a sua solidariedade para com os ucranianos, deixa o desejo de que "este tempo de angústia, sofrimento e guerra seja rapidamente ultrapassado e se restabeleça a paz e a prática do bem para todos, como pede o Santo Padre na mensagem da Quaresma".
Os bispos portugueses apelam ainda a que "haja uma partilha efetiva para com a Igreja na Ucrânia, nomeadamente através das Cáritas e de outras instituições".