Relação de forças militares é largamente favorável aos russos
A Rússia, que lançou hoje um ataque sobre a Ucrânia, tem uma força militar largamente favorável relativamente ao seu adversário, que tem poucos meios antiaéreos apesar da ajuda ocidental, segundo dados do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.
"Os ucranianos estão numa situação militar impossível, com o controlo total do céu pelos russos", disse à agência France-Presse (AFP) François Heisbourg, conselheiro especial da Fundação de Pesquisa Estratégica (FRS) em Paris.
Segundo o especialista, a situação atual "parece uma versão do século XXI das grandes guerras na Europa do século XX".
"As forças russas chegam por Kharkiv (leste) seguindo os bons clássicos de 1941 e 1943, para cercar por trás as tropas ucranianas nas suas trincheiras", e estas "não terão outra solução que não render-se após vender cara a sua pele", explica.
De acordo com as entidades ocidentais, a Rússia juntou cerca de 150 mil homens nas suas fronteiras com a Ucrânia e 30 mil a norte, em território da aliada Bielorrússia, onde estão forças estratégicas dotadas de equipamentos mais modernos, que foram enviadas para a Síria em 2015.
A Rússia juntou ainda unidades navais no mar Negro, fechou à navegação o mar de Azov, que banha a sul os territórios ucranianos e russo, e iniciou hoje ataques profundos em solo ucraniano.
Segundo os dados compilados pela AFP, a Rússia tem 900 mil homens ativos e dois milhões na reserva, contando ainda com 554 paramilitares, e em termos de veículos possui 2.297 tanques, 1.846 aviões, 832 helicópteros e 51 submarinos.
A Ucrânia, que está em grande parte cercada territorialmente por adversários, tem apenas uma abertura territorial para a Polónia e Eslováquia a oeste, e Hungria, Roménia e Moldávia a sul, contando com cerca de 200 mil homens nas forças armadas.
O país modernizou de forma acelerada as suas forças armadas, com uma atualização para padrões da NATO, depois da primeira agressão russa e anexação da Crimeia por Moscovo, em 2014, e os Estados Unidos forneceram 2,5 mil milhões de dólares (2,2 mil milhões de euros) de ajuda militar desde então.
Estão ainda previstos mais 500 milhões de dólares (447 milhões de euros) para fazer face à invasão russa.
Os soldados americanos formaram os seus homólogos ucranianos no manuseamento de armas ligeiras, navios de patrulha e lançadores de mísseis antitanque Javelin, tendo a Estónia, Letónia e Lituânia também entregado mísseis Javelin e antiaéreos Stinger a Kiev, e o Reino Unido também enviou Javelins e treinou 22 mil soldados ucranianos desde 2015.
O pessoal ativo ucraniano é de 196 mil pessoas, e as forças armadas de Kiev contam ainda 102 mil paramilitares, 900 mil reservistas, 858 tanques, 187 aviões e 46 helicópteros, não tendo submarinos.
A Rússia lançou hoje de madrugada uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que as autoridades ucranianas dizem ter provocado dezenas de mortos nas primeiras horas.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que o ataque responde a um "pedido de ajuda das autoridades das repúblicas de Donetsk e Lugansk", no leste da Ucrânia, cuja independência reconheceu na segunda-feira, e visa a "desmilitarização e desnazificação" do país vizinho.
O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU.