Apenas três dos 27 arguidos no julgamento do processo "Hammerskins" querem depor na primeira sessão
Apenas três dos 27 arguidos no processo "hammerskins" manifestaram hoje a intenção de prestar de imediato declarações perante o coletivo de juízes na primeira sessão do julgamento, no Juízo Central Criminal de Lisboa.
Durante esta primeira sessão do julgamento dos 27 arguidos conotados com um movimento racista violento, presidida pelo juiz Noé Bettencourt, foram identificados 26 dos 27 arguidos (um não reside em Portugal), tendo 23 declarado que, para já, não tencionam prestar declarações. No entanto, um destes 23 arguidos, o empresário Luís Ribeiro, admitiu a possibilidade de vir a falar, mas só na próxima semana.
Os três arguidos que expressaram intenção de depor de imediato foram o guarda prisional João Vaz, o estudante universitário Alexandre Silva e o chefe de equipa de operadores de máquinas Pedro Guilherme. Estes três arguidos irão ser ouvidos durante a sessão da tarde, com início previsto para as 14:30, no Campus da Justiça.
O único arguido hoje ausente da audiência inaugural foi Rúben Martins, que se encontra a residir e trabalhar no Reino Unido.
A maioria dos arguidos pediram dispensa de estarem presentes em futuras audiências, devido aos seus horários de trabalho e dificuldades de transporte, ao que o Ministério Público e o coletivo de juízes não se opuseram, com a ressalva de que podem ser chamados a comparecer para serem confrontados com alguns factos e prestarem uma última declaração no final do julgamento, para o que serão notificados.
Segundo lembrou o juiz, este processo tem 24 volumes, 5.800 páginas e 88 apensos. Quatro dos 27 arguidos estão pronunciados por tentativa de homicídio, estando ainda em causa entre os restantes arguidos os crimes de ódio racial e sexual, ofensas corporais, incitamento à violência, tráfico de droga e posse de arma proibida.
Os 27 arguidos conotados com o movimento "hammerskin" - grupo que exalta a superioridade da raça branca - terá provocado várias vítimas na zona da Grande Lisboa entre pessoas homossexuais, imigrantes e militantes comunistas.
Este grupo violento foi desmantelado no decorrer de uma operação da Unidade Nacional Contraterrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária (PJ), em 2016, altura em que este departamento policial era dirigido pelo atual diretor nacional da PJ, Luís Neves.