Papa lamenta "cenários cada vez mais alarmantes"
O Papa Francisco lamentou hoje os "cenários cada vez mais alarmantes" que estão a surgir na Ucrânia e que ameaçam "a paz de todos" face aos receios de uma escalada militar por parte da Rússia.
"Apesar dos esforços diplomáticos das últimas semanas, estão a surgir cenários cada vez mais alarmantes", afirmou o Papa argentino ao final de sua audiência geral semanal, adiantando que, como ele, "muitas pessoas sentem ansiedade e preocupação".
"Peço a todas as partes envolvidas que se abstenham de qualquer ação que possa causar ainda mais sofrimento às pessoas e desacreditem o direito internacional", disse ainda.
Francisco criticou o facto de "mais uma vez, a paz de todos" ser "ameaçada pelos interesses de alguns", pedindo aos líderes políticos que "examinem a sua consciência perante Deus, que é o Deus da paz e não da guerra".
O Papa anunciou ainda para o próximo dia 02 de março - quarta-feira de cinzas - um dia de jejum e oração pela paz.
A crise na Ucrânia agravou-se na segunda-feira, quando o Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu, durante um discurso à nação as autoproclamadas repúblicas separatistas pró-russas de Donetsk e Lugansk (no leste ucraniano) e pediu a mobilização de militares para enviar para a região.
O Papa já tinha feito um apelo pela paz na Ucrânia a 13 de fevereiro, quando exigiu aos líderes mundiais "todos os esforços" possíveis para evitar a violência naquele país.
A decisão de Putin foi condenada pela generalidade dos países ocidentais, que temiam há meses que a Rússia invadisse novamente a Ucrânia, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.
Nesse ano, começou a guerra no Donbass entre os separatistas pró-russos apoiados por Moscovo e o exército ucraniano, que provocou, desde então, mais de 14.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados, segundo a ONU.