Médicos sem Fronteiras pede às Nações Unidas acesso ao nordeste da RDCongo
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) pediu hoje às Nações Unidas para intercederem e conseguirem garantir acesso ao nordeste da República Democrática do Congo (RDCongo), no mesmo dia em que um alto responsável da ONU chegou à região.
A organização não-governamental vai aproveitar a visita do diretor das Nações Unidas para as Operações de Manutenção da Paz, Jean-Pierre Lacroix, a Bunia, capital da província de Ituri, para "questionar a ONU, a comunidade doadora e a comunidade humanitária sobre o destacamento de assistência à crise".
Numa declaração citada pela agência France-Presse, a MSF sublinha que "a assistência humanitária deve ser neutra e imparcial, para atingir todas as comunidades afetadas por este terrível conflito", mas essa ajuda está atualmente "comprometida pela violência, mas também pela falta de destacamento para as comunidades afetadas".
Os médicos queixam-se de "restrições de segurança" e "restrições logísticas" que impedem o acesso às comunidades mais isoladas.
A MSF é uma das poucas organizações humanitárias presentes em Ituri, província que tem sido flagelada pela violência desde o final de 2017.
Ituri e a província vizinha do Kivu Norte estão sitiadas desde maio de 2021 em resposta à escalada da violência, mas desde então mais de 1.000 civis foram mortos.
Na vizinha província do Kivu Sul, pelo menos 10.000 pessoas foram deslocadas desde o início de fevereiro.
As grandes vagas de deslocados estão a consumir os recursos das populações vizinhas e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) necessita de 225,4 milhões de dólares este ano para satisfazer as necessidades básicas das pessoas mais vulneráveis da RDCongo.
Desde 1998, o leste da RDCongo tem estado mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques de soldados do exército, apesar da presença da Missão de Manutenção da Paz das Nações Unidas (Monusco), que enviou mais de 14.000 soldados.