Reconhecimento russo de territórios pressiona economia europeia
O comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, considerou hoje que o reconhecimento pelo Presidente russo, Vladimir Putin, da independência dos territórios separatistas pró-Rússia no leste ucraniano, pressiona "fortemente" o crescimento económico da União Europeia (UE).
"A incerteza permanece à nossa volta e a violação do direito internacional através do reconhecimento russo de dois territórios separatistas na Ucrânia irá aumentar fortemente esta incerteza", declarou Paolo Gentiloni.
Falando numa conferência sobre a revisão da governação económica organizada pela Direção-Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia juntamente com o Comité Económico e Social Europeu, em Bruxelas, o comissário europeu da tutela apontou que, nas previsões macroeconómicas intercalares de inverno, houve uma revisão "em baixa para este ano e para cima relativamente a 2023" do crescimento económico da UE.
"O PIB na UE deverá agora aumentar 4% em 2022 e 2,8% em 2023", assinalou Paolo Gentiloni, admitindo porém que estas estimativas foram feitas antes do aumento das tensões geopolíticas no que toca à ofensiva russa na Ucrânia.
A posição surge após o Presidente russo, Vladimir Putin, ter assinado, na segunda-feira à noite, um decreto que reconhece as regiões separatistas de Lugansk e de Donetsk, no Donbass (leste), e de ter ordenado a entrada das forças armadas russas naqueles territórios ucranianos.
Vladimir Putin ordenou a mobilização do Exército russo para "manutenção da paz" nos territórios separatistas no leste da Ucrânia, que reconheceu como independentes.
Putin assinou dois decretos que pedem ao Ministério da Defesa russo que "as Forças Armadas da Rússia assumam as funções de manutenção da paz no território" das "repúblicas populares" de Donetsk e Lugansk.
Em 2014 a Rússia invadiu o leste da Ucrânia e anexou a Península da Crimeia, território ucraniano.
A guerra no leste da Ucrânia entre as forças de Kiev e milícias separatistas fizeram até ao momento mais de 14 mil mortos, de acordo com as Nações Unidas.
Entretanto, a UE está a preparar sanções à Rússia, que deverão ser aprovadas pelos Estados-membros ainda hoje.
Fontes europeias avançaram à agência Lusa que as sanções sobre a mesa abrangem 27 entidades e membros do parlamento russo (Duma), bem como o congelamento de bens de bancos privados russos e restrições económicas às regiões separatistas.
As mesmas fontes especificaram que, no que toca às sanções financeiras, "a Comissão Europeia irá propor restrições às relações económicas da UE com as duas regiões" separatistas, de Donetsk e Lugansk, estando ainda previsto o "congelamento de bens de dois bancos privados russos".