NATO acusa Moscovo de fabricar pretexto para invasão ao reconhecer separatistas
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, condenou hoje a decisão da Rússia em reconhecer a independência dos territórios separatistas no leste da Ucrânia e acusou Moscovo de "fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia novamente".
O dirigente da Aliança Atlântica acusou o Kremlin de "fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia novamente" e de "adicionar gasolina" ao conflito, ao conceder ajuda financeira e militar aos separatistas na região do Donbass ucraniano.
Em comunicado, divulgado através da rede social Twitter, o político norueguês condenou a decisão da Rússia em "estender o reconhecimento à autoproclamada República Popular de Donetsk e República Popular de Lugansk".
"[Esta decisão] prejudica ainda mais a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, corrói os esforços para a resolução dos conflitos e viola os Acordos de Minsk, dos quais a Rússia faz parte", destacou Jens Stoltenberg.
O secretário-geral da NATO realçou ainda que a Aliança Atlância mantém o seu "pleno respeito pela soberania, independência e integridade territorial da Ucrânia", da qual Donetsk e Lugansk "fazem parte".
"Os Aliados exortam a Rússia, nos termos mais fortes possíveis, a escolher o caminho da diplomacia e reverter imediatamente sua implantação militar maciça na Ucrânia e ao redor dela, e retirar suas forças da Ucrânia de acordo com suas obrigações e compromissos internacionais", enfatizou Stoltenberg.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu hoje a independência dos territórios separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia e assinou com os líderes de Donetsk, Denis Pushilin, e Lugansk, Leonid Pásechnik, tratados de amizade e assistência mútua.
Putin instou também o parlamento russo a "aprovar esta decisão" para, em seguida, "ratificar os acordos de amizade e de ajuda mútua a estas repúblicas", o que permitirá a Moscovo, por exemplo, enviar apoio militar aos dois territórios pró-russos do Donbass ucraniano.
O chefe de Estado russo assegurou também que tomará medidas para garantir a segurança da Rússia perante a recusa dos Estados Unidos e da NATO em abordar as suas preocupações de segurança e renunciar à Ucrânia o direito de fazer parte da Aliança Atlântica no futuro.
A posição de Moscovo sobre estas repúblicas provoca um curto-circuito no processo de paz resultante dos acordos de Minsk de 2015, assinados pela Rússia e pela Ucrânia, sob mediação franco-alemã, já que estes visavam, precisamente, um regresso dos territórios à soberania ucraniana.
A decisão de Putin também abre caminho a um pedido de assistência militar à Rússia por parte desses territórios, conduzindo a uma justificação para a entrada de forças russas nessas regiões, dando razão aos países ocidentais que acusam Moscovo de estar a preparar uma invasão da Ucrânia, junto a cujas fronteiras já posicionaram mais de 150.000 soldados.