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Delegação do PPE cancela visita a pedido das autoridades ucranianas e alemãs

O tempo das armas sobrepõem-se cada vez mais ao das palavras.   Foto EPA/ZURAB KURTSIKIDZE
O tempo das armas sobrepõem-se cada vez mais ao das palavras.   Foto EPA/ZURAB KURTSIKIDZE

A visita de uma delegação do Partido Popular Europeu (PPE) à Ucrânia, entre domingo e segunda-feira, foi hoje cancelada a pedido das autoridades ucranianas e alemãs, revelou à Lusa o eurodeputado português Paulo Rangel, que fazia parte da comitiva.

O social-democrata explicou que as autoridades ucranianas pediram para cancelar a visita porque o primeiro-ministro e o ministro da Defesa daquele país tinham de estar "totalmente concentrados" na gestão da crise em curso.

Além disso, também o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha pediu à comitiva para não viajar até à Ucrânia por motivos de segurança, acrescentou.

A estes motivos, Paulo Rangel disse juntar-se um terceiro relacionado com o facto de a companhia aérea alemã Lufthansa ter anunciado a suspensão dos seus voos regulares para as cidades de Kiev e Odessa a partir de segunda-feira e, pelo menos, até ao fim do mês.

"Há uma coisa que é realmente importante é que isto [cancelamento da visita] significa que houve uma grande deterioração da situação, aliás é essa a informação qualificada que nós temos", afirmou Paulo Rangel.

O eurodeputado considerou que, neste momento, um pequeno incidente provocado por um extremista do lado da Ucrânia ou da Rússia pode dar origem a um "conflito brutal".

"Já não estamos nas mãos da Ucrânia e da Rússia, mas nas mãos de pessoas ou unidades que possam atuar por sua conta e risco e criar um incidente que precipite os acontecimentos", frisou.

Apesar do cancelamento da visita à Ucrânia, a delegação do PPE mantém a visita à Lituânia, prevista para terça e quarta-feira.

Paulo Rangel está integrado numa delegação do PPE que inclui o líder deste grupo, Manfred Weber, assim como os eurodeputados González Pons (Espanha), Rasa Jukneviciene (Lituânia), Vangelis Meimarakis (Grécia), Riho Terras (Estónia) e Michael Gahler (Alemanha).

Na Lituânia, a delegação visitará o grupo de combate que a NATO tem destacado no país desde 2017 e participará numa conferência de alto nível sobre segurança na região do Báltico para discutir os acontecimentos atuais.

A reunião em questão contará com a presença da primeira-ministra da Lituânia, Ingrida Simonyte, do ministro dos Negócios Estrangeiros lituano, Gabrielus Landsbergis, do primeiro-ministro letão, Krisjanis Karins, do líder do Partido Conservador Finlandês, Petteri Orpo, e de membros dos parlamentos dos países bálticos.

O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.

Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.

Entretanto, nos últimos dias, o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos têm vindo a acusar-se mutuamente de novos bombardeamentos no leste do país, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.

Os líderes dos separatistas pró-russos de Lugansk e Donetsk, no leste da Ucrânia, decretaram hoje a mobilização geral para fazer face a este aumento da violência.

Os observadores internacionais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) informaram na sexta-feira que as violações do cessar-fogo na região registaram um "aumento significativo", com mais de 800 violações só na sexta-feira, mais do triplo da média do último mês.