Intenção de rever Constituição coloca Portugal à beira de novo 25 de Abril
O secretário-geral do Partido Comunista Português disse hoje que Portugal está à beira de mais um novo 25 de Abril, para responder às tentativas de avançar com uma revisão constitucional.
Jerónimo de Sousa, na sessão pública "PCP - Contigo todos os dias", que decorreu na Baixa da Banheira, concelho da Moita, referiu que foi retomada a ambição de uma revisão constitucional que o líder do Partido Social Democrata, Rui Rio, enuncia, sinalizando disponibilidade do Partido Socialista.
"A confirmar-se, é um sinal grave e preocupante no caminho dos projetos antidemocráticos que alguns querem ver retomados. O objetivo é amplo, conhecidas que são as propostas do PSD de subversão da Constituição da República", disse o líder comunista.
Perante um pavilhão repleto de militantes Jerónimo de Sousa fez um alerta aos presentes.
"Dizer camaradas, que estamos à beira de mais um 25 de Abril. Estamos a fazer quase 49 anos de Abril em democracia. É uma boa altura para acrescentar à luta o reforço da Constituição da República, o reforço da própria democracia", disse.
Na sua intervenção, Jerónimo de Sousa fez também uma referência às últimas eleições, considerando que os seus resultados "vão ao arrepio do que era preciso para dar resposta aos problemas nacionais" e que "a maioria absoluta conseguida pelo PS não contribui para avançar na solução dos problemas do país".
"Pelo contrário! Esta maioria acrescenta dificuldades na resposta e soluções que os trabalhadores e o povo precisam", frisou.
Para Jerónimo de Sousa, "a ambicionada e conseguida maioria absoluta do PS não era um objetivo apenas seu, era de todos os que viam no papel e intervenção do PCP um obstáculo aos seus projetos de exploração e um impedimento a uma mais explícita concretização da política de direita".
"Há muito que o PS queria fugir à nossa influência e às soluções para o país e o Presidente da República foi ao encontro de tal pretensão. Os apologistas e defensores da política de direita tudo fizeram para que uma solução de bloco central vingasse e se concretizasse, fosse de que maneira fosse, com PSD ou com PS a liderar", salientou.
Apesar de considerar que "a composição da Assembleia da República que resulta destas eleições, e em particular a maioria absoluta do PS, cria mais dificuldades à concretização das soluções", o líder comunista assegurou que o PCP vai estar na linha da frente do combate por melhores condições de vida e de trabalho.
Jerónimo de Sousa disse ainda que o seu partido estará também na luta "pelo aumento dos salários e reformas, pela revogação das normas gravosas da legislação laboral, em defesa do Serviço Nacional de Saúde, pelo direito à habitação, pela valorização da Escola Pública, pelo acesso universal à creche gratuita e dando força à luta dos trabalhadores e do povo".
Para o secretário-geral do PCP, "são grandes e exigentes as tarefas que a atual situação coloca ao PCP", sendo necessário o seu reforço por considerar que dele dependerá a garantia da defesa dos trabalhadores, dos interesses populares e do país.
"Somos o Partido Comunista Português a quem os momentos bons não descansam e os momentos maus não fazem desanimar", disse fazendo ainda referência aos 100 anos de história do partido, cujas comemorações do centenário serão encerradas com um comício de aniversário no dia de 06 de março, no Campo Pequeno, em Lisboa.