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Número de raptos aumentou na África do Sul

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A África do Sul registou um aumento do número de raptos denunciados à polícia nos últimos três meses de 2021, com 85 casos de pessoas sequestradas por resgaste, a maioria em Gauteng, anunciou hoje a Polícia Sul-Africana (SAPS).

"Relativamente a sequestros, registamos aumentos nos meses de outubro, novembro e dezembro", referiu no Parlamento, na Cidade do Cabo, o responsável de estatística criminal da SAPS Norman Sekhukhune.

"Em outubro tivemos um aumento de 225 casos de sequestro, em novembro 283 e em dezembro 178 casos, e as províncias que registaram um decréscimo foram o Estado Livre (-15 casos) e o Cabo Ocidental (-51 casos), as outras sete províncias registaram aumentos", adiantou.

Na apresentação das estatísticas sobre os crimes ocorridos na África do Sul de 1 de outubro de 2021 a 31 de dezembro de 2021, o responsável da polícia sul-africana indicou que o número de raptos no país aumentou 35.7%, de um total de 1.919 casos, em 2020, para 2.605 casos no ano passado.

Na província de Gauteng, onde reside a maioria dos cerca de meio milhão de portugueses no país, a polícia sul-africana registou 48 sequestros por resgaste dos 632 casos de rapto denunciados nesta província entre outubro e dezembro, totalizando 1.200 sequestros no ano passado.

Segundo a polícia sul-africana, Gauteng, onde se situa Joanesburgo, a capital económica, e Pretória, capital do país, registou o maior número de sequestros no país, representando um agravamento na ordem dos 111,3%, comparativamente a 2020 (568 casos).

Seguiu-se o Cabo Oriental (total de 234 raptos), com oito casos de resgaste. No KwaZulu-Natal (491) e Mpumalanga (181), registaram-se seis sequestros por resgaste, respetivamente. No Noroeste (144) e Limpopo (101), junto a Moçambique, houve quatro sequestros por resgate, respetivamente, no ano passado, salientou Norman Sekhukhune.

No ano passado, o sequestro dos irmãos Moti, na província do Limpopo, nordeste do país, chocou o país.

As quatro crianças foram libertadas após algumas semanas em cativeiro depois de a família ter pagado um resgaste de 50 milhões de rands (2,8 milhões de euros), segundo a imprensa local.

A família emigrou imediatamente após a libertação das crianças, de 7 aos 15 anos.

Em novembro, o ministro da Polícia Bheki Cele indicou, na apresentação das estatísticas do crime trimestrais no país, que pelo menos dois mil casos de sequestro foram denunciados à polícia na África do Sul em apenas três meses, frisando que "era um fenómeno novo no país", salientando que as forças de segurança "estavam a tentar lidar com o problema".

O filho do presidente da Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Jahyr Abdula, foi resgatado em 28 de novembro "traumatizado e desnutrido" após 37 dias de cativeiro na cidade de Heidelberg, cerca de 60 quilómetros a sudeste de Joanesburgo, revelou a polícia sul-africana.

O ativista anticrime sul-africano Yusuf Abramjee considerou à Lusa que a África do Sul está a registar um alastramento em grande escala de sequestros com origem em Moçambique.

No passado domingo, um cidadão moçambicano de 48 anos foi raptado próximo da pastelaria portuguesa Princesa, cerca de um quilómetro do Consulado-Geral de Portugal, em Joanesburgo, segundo o jornal comunitário Hindu Laudium Sun.

O incidente ocorreu na avenida Langerman Drive, no bairro de Kensington, avançou a publicação na rede social Facebook com base numa informação comunitária.

De acordo com o jornal sul-africano, a vítima Ismail Magid, de 48 anos, também conhecido por 'Néné', é oriundo de Maputo.

"Ele foi sequestrado na Langerman Drive, Kensington, não muito longe de uma casa de hóspedes onde se instalou", adiantou a publicação sul-africana.

Contactada pela Lusa, uma porta-voz do comando nacional da Polícia sul-africana disse que a força de segurança está a averiguar a informação, escusando-se a prestar mais detalhes.