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Activista ambiental Francisco Pedro promete novos protestos depois de ser absolvido

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FOTO  MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

O ativista ambiental Francisco Pedro assegurou ontem que haverá mais protestos em defesa do ambiente, depois de ter sido absolvido em julgamento do crime de desobediência qualificada por interromper em 2019 um discurso do primeiro-ministro, António Costa.

"O desfecho do caso lembra-nos que temos muita margem de manobra para nos defendermos, para nos manifestarmos, para nos expressarmos. É um dever de serviço à terra e à vida e claro que vai haver muito mais manifestações, a menos que, finalmente, haja uma mudança de rumo em que estes crimes ambientais cessem", afirmou o ativista, de 35 anos, à saída do Tribunal Local Criminal de Lisboa.

Em declarações aos jornalistas, Francisco Pedro -- também conhecido por "Kiko" -- admitiu que a "absolvição era esperada", mas preferiu focar as suas atenções no projeto do novo aeroporto no Montijo: "O grande alívio para todos nós vai ser quando o Governo finalmente anunciar o cancelamento deste projeto".

A juíza Sofia Claudino considerou não ter ficado provado em julgamento que Francisco Pedro seria o organizador do protesto. Questionado sobre as razões para ter avançado para o palco no protesto realizado numa cerimónia do Partido Socialista, em Lisboa, o ativista respondeu com outra pergunta.

"Por que não dar um passo em frente quando há um crime tão grave à frente dos nossos olhos?", indagou, sem deixar de considerar que o processo que se seguiu - no qual o Ministério Público pediu a sua condenação através de multa -- resultou de uma estratégia empresarial.

"É bastante comum grandes empresas terem esta estratégia de intimidar ativistas e quem denuncia crimes", resumiu Francisco Pedro, que atirou ainda críticas à indústria da aviação e ao seu impacto a nível ambiental.

Em 2019, Francisco Pedro tentou chegar ao microfone para tomar a palavra e contestar a expansão do aeroporto de Lisboa e a construção de um novo no Montijo, com a acusação a argumentar que se tratava de uma manifestação organizada e não autorizada pela Câmara de Lisboa. Por sua vez, o ativista defendeu logo no arranque do julgamento ter sido apenas uma "ação espontânea" de liberdade de expressão e para denúncia de um crime.

Na altura, em menos de meio minuto, os jovens foram retirados do palco e António Costa prosseguiu o seu discurso. De forma inesperada e durante a cerimónia, os ativistas do coletivo ATERRA aproximaram-se do palco e lançaram aviões de papel, mostrando também um cartaz onde se lia "Mais aviões só a brincar".