Haiti angaria 530M€ em conferência de doadores para reconstruir região afetada por sismo
O Haiti recebeu compromissos de ajuda humanitária de 600 milhões de dólares (cerca de 530 milhões de euros), numa conferência de doadores que decorreu na quarta-feira com o objetivo de reconstruir o sul do país afetado por um terramoto.
O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, destacou que o valor "supera" as expetativas que o governo tinha para esta conferência de doadores.
O governo haitiano calcula que, nos próximos quatro anos, serão necessários 1.978 milhões de dólares para cobrir as necessidades do processo de reconstrução e recuperação da região afetada pelo terremoto de magnitude 7,2.
Na conferência de doadores, organizada pelas Nações Unidas e pelo governo do Haiti, os Estados Unidos e a União Europeia, entre outros, comprometeram-se a apoiar com milhões de dólares adicionais.
A vice-secretária-geral das Nações Unidas, Amina Mohammed, considerou os cerca de dois biliões de dólares necessários para o país "assustadores", mas referiu que o Haiti necessita de apoio internacional.
"Estamos cientes de que os orçamentos de ajuda estão sob pressão em todo o mundo. Também sabemos que há fadiga entre os doadores. E ouvimos, em alto e bom som, preocupações sobre os resultados da ajuda ao Haiti. Mas não é hora de desistir", apontou.
A península do sudoeste do Haiti foi atingida, em 14 de agosto, por um forte sismo de magnitude 7,2, que matou mais de 2.200 pessoas e causou a destruição de mais de 130.000 casas.
Esta região também foi atingida, dias depois, pelas chuvas da tempestade tropical Grace.
Milhares de haitianos que perderam as suas casas no terremoto permanecem em acampamentos improvisados na cidade costeira de Les Cayes, no sul.
Ao mesmo tempo da conferência de doadores, milhares de trabalhadores de fábricas manifestaram-se nas ruas para exigirem aumentos salariais.
Até final de 2021, a Unicef tinha solicitado 85 milhões de euros para atender às necessidades urgentes de 950.000 pessoas, incluindo 520.000 crianças, embora apenas tenha obtido um terço do financiamento solicitado.
Na segunda-feira a Unicef revelou que mais de 1.000 escolas ainda não foram reconstruídas e 320.000 crianças e adolescentes estão a estudar em ambientes pouco propícios à aprendizagem, seis meses após o terramoto que abalou o sudoeste do Haiti.