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Ex-porta-voz de Le Pen declara apoio a rival da extrema-direita nas presidenciais francesas

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A candidata da extrema-direita Marine Le Pen sofreu hoje um novo revés na sua campanha presidencial em França, com a confirmação de que o seu ex-porta-voz, Nicolas Bay, é agora apoiante do também candidato da extrema-direita Eric Zemmour.

"Acredito profundamente na sua candidatura, no seu projeto e na sua estratégia. Disse semanas antes que não me parecia aceitável tratá-lo como inimigo", referiu Nicolas Bay, em entrevista ao jornal Le Figaro.

O eurodeputado e conselheiro regional da Normandia foi suspenso na terça-feira da União Nacional, liderado por Le Pen, acusado de "transmitir elementos estratégicos e confidenciais a Zemmour durante meses", acusação que considerou difamatória.

"Na realidade, pedi uma discussão franca perante o partido e na presença de Marine Le Pen e, como única resposta, fui suspenso", referiu Bay, até agora um dos apoiantes da candidata da extrema-direita.

Nicolas Bay considerou também inapropriado ser acusado de deslealdade.

"Sou um ativista político. Comprometi-me aos 14 anos por algumas ideias e valores e a minha fidelidade assenta sobre estes, um partido político nada mais é do que um instrumento", destacou nas declarações ao Le Figaro.

O eurodeputado elogiou o facto de Zemmour, polémico apresentador de 'talk shows' e escritor, ter decidido "atuar fora dos partidos políticos estagnados e ter imposto o grande tema da eleição [presidencial] a preservação de França como uma nação livre e da civilização europeia ameaçada pela migração e islão político".

"A decisão que tomo agora não foi fácil... Até 2017, a União Nacional registou um crescimento significativo: 60.000 militantes, numerosos candidatos em todas as eleições e cerca de 2.000 eleitos locais", acrescentou, referindo que vê agora um partido "decomposto".

Bay tinha sido evasivo semanas antes sobre o seu apoio ao líder de extrema-direita, enquanto outras figuras do partido de Le Pen já a tinham abandonado, em favor de Zemmour.

Gilbert Collard, também eurodeputado, abriu a porta ao mostrar o seu apoio a Zemmour, e outras figuras seguiram-se, como Jérôme Rivière, também eurodeputado, ou o único senador do partido, Stéphane Ravier.

Marion Marechal Le Pen anunciou no final de janeiro o seu regresso à política francesa e admitiu não apoiar a tia, Marine Le Pen, mas a nova figura da extrema-direita francesa.