Venezuela expressa apoio irrestrito à Rússia e quer fortalecer relações bilaterais
O Governo do Presidente Nicolás Maduro expressou hoje o seu "apoio irrestrito" à Rússia, país com o qual a Venezuela quer "fortalecer as relações" bilaterais.
A posição da Venezuela foi dada a conhecer através da televisão estatal, durante uma reunião da Comissão Intergovernamental de Alto Nível Rússia Venezuela, que decorre em Caracas, numa altura de tensão extrema entre Washington e Moscovo em torno de uma possível ofensiva militar russa na Ucrânia.
"Queremos, em nome do Presidente Nicolás Maduro e do nosso povo, expressar todo o nosso apoio irrestrito ao povo da Rússia, à Federação de Rússia e muito especialmente ao Presidente Vladimir Putín", disse o ministro venezuelano de Petróleo e também vice-presidente de Economia da Venezuela.
Tareck El Aissami sublinhou ainda, sem mencionar o conflito na Ucrânia, que "a Rússia faz parte do novo, é um país, um polo de desenvolvimento emergente no âmbito internacional, uma grande potência de paz, que pôs ao serviço da humanidade o seu desenvolvimento científico, tecnológico, industrial e energético".
"(...) É símbolo de irmandade com o mundo e por isso desde a Venezuela ratificamos todo o nosso apoio e vamos a continuar fortalecendo esta relação", disse Tareck El Aissami precisando que no próximo mês de dezembro aquela comissão bilateral vai assinalar o 20.º aniversário da sua ativação.
Na reunião bilateral participou o vice-primeiro-ministro da Rússia, Yuri Ivanovich Borisov, que se referiu à Venezuela como "um sócio estratégico da Rússia na América Latina e no mundo em geral".
"Valorizamos muito o caráter dos nossos aliados, da nossa coordenação na comunidade internacional e o diálogo de confiança a nível político, na situação de crescente instabilidade, e a cooperação entre os nossos países é mais importante do que nunca", disse o político russo à televisão estatal venezuelana.
Segundo Yuri Ivanovich Borisov a cooperação entre a Rússia e a Venezuela está num momento chave e Moscovo vai apoiar novas iniciativas bilaterais, entre elas o reforço do intercâmbio comercial que aumentou 50% com relação ao ano passado.
Por outro lado, a Venezuela agradeceu a solidariedade da Rússia em matéria de vacinas contra a covid-19 e no âmbito de sanções internacionais impostas contra Caracas.
"É a Rússia, o povo russo quem se solidarizou e garantiu o subministro de medicamentos e outro tipo de apoio perante o bloqueio criminoso do Governo dos Estados Unidos", disse Tareck El Aissami.
O político venezuelano sublinhou ainda as "bondades" da atual ligação aérea entre Maiquetía (Venezuela) e Moscovo (Rússia).
"Graças ao apoio e cooperação no âmbito aeronáutico hoje a Conviasa (companhia aérea venezuelana) voa diretamente aos céus da Rússia", disse.
Em 20 de janeiro de 2022, a Venezuela anunciou que o Presidente Nicolás Maduro conversou telefonicamente com o seu homólogo russo Vladímir Putin, a quem disse condenar "as campanhas provocatórias e manipuladoras contra a Rússia".
Em 13 de janeiro de 2022, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Riabkov, disse à televisão RTVI TV, que "não confirma nem exclui" a possibilidade de a Rússia enviar equipamentos militares para Cuba e Venezuela no caso de falhanço das conversações e de um aumento da pressão dos EUA sobre a Rússia, indicou a agência noticiosa Associated Press (AP).
Riabkov, que conduziu a delegação russa nas recentes conversações com os EUA em Genebra, notou que "tudo depende da ação" dos EUA, assinalando que o Presidente russo Vladimir Putin já avisou que Moscovo pode adotar medidas técnico-militares caso Washington provoque o Kremlin e acentue a sua pressão militar.
"O principal problema é que os EUA e a NATO não estão dispostos a efetuar qualquer concessão de qualquer espécie sobre os pedidos chave", sublinhou Ribakov.
Em 14 de janeiro, os EUA garantiram que vão responder "decisivamente" caso a Rússia movimente equipamentos militares para Cuba e Venezuela.
Por outro lado, o presidente do comité militar da NATO, Rob Bauer, classificou como "preocupante" a possível movimentação de equipamentos militares para Cuba ou Venezuela.
Para a oposição venezuelana "o simples facto de que um alto funcionário [da Rússia] tenha insinuado uma ação desse calibre representa uma transgressão absoluta da soberania nacional e da integridade do nosso território", afirmou o líder opositor Juan Guaidó em um comunicado.