Mundo

Rússia reitera apoio à entrada do Brasil como membro permanente da ONU

None
Foto EPA

A Rússia reiterou hoje o seu apoio à entrada do Brasil como membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, durante um encontro diplomático entre os dois países na capital russa.

"O Brasil é agora um membro não permanente do Conselho de Segurança. Hoje confirmamos o apoio da Rússia à candidatura do Brasil ao seu lugar permanente no Conselho de Segurança, no contexto da expansão do número de membros desse órgão", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov.

Falando numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo brasileiro, Carlos França, Lavrov observou que Moscovo e Brasília mantêm uma estreita cooperação na ONU sobre questões de segurança.

"Estamos a trabalhar de perto, na ONU, numa variedade de esferas relacionadas com o reforço da segurança internacional, a resolução de conflitos regionais", disse.

Hoje, realizou-se pela primeira vez em Moscovo uma reunião entre os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da Rússia e do Brasil, no formato "2+2".

Após a reunião com França e o ministro da Defesa brasileiro, general Walter Braga Netto, Lavrov disse que as partes também discutiram o desenvolvimento da cooperação técnico-militar entre a Rússia e o Brasil.

A este propósito, o ministro brasileiro disse que a cooperação técnico-militar com a Rússia está a tornar-se uma das questões mais importantes nas relações bilaterais.

"Estamos interessados na utilização da tecnologia e experiência russa em tecnologias militares e no intercâmbio dessas tecnologias para reforçar as suas capacidades de defesa", afirmou.

O ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, disse ao seu homólogo que o Brasil é um parceiro estratégico da Rússia e que o diálogo entre os departamentos de Defesa dos dois países contribuirá para reforçar a estabilidade na região, de acordo com uma declaração militar.

Disse também que a cooperação nos domínios militar e técnico-militar contribui para o desenvolvimento dinâmico dos laços entre a Rússia e o Brasil.

O encontro entre os ministros da Rússia e do Brasil aconteceu horas antes de uma cimeira no Kremlin entre os líderes dos dois países, Vladimir Putin e Jair Bolsonaro.

No início deste encontro, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse que a sua visita a Moscovo é um "retrato" para o mundo que mostra o crescimento que os dois países podem ter juntos.

"Estou muito feliz e honrado com este convite e estamos em solidariedade com a Rússia e estamos muito dispostos a colaborar em várias áreas: Defesa, petróleo e gás, e agricultura", disse Bolsonaro.

"As reuniões estão a ter lugar e estou certo de que este passo aqui é um retrato para o mundo que (mostra que) podemos crescer juntos nas nossas relações bilaterais", disse Bolsonaro, acrescentando: "E estou certo de que este encontro será muito produtivo para os nossos povos".

Sentados ao lado dos seus intérpretes e sem o uso de máscaras, Bolsonaro e Putin deram uma rápida declaração e pareceram amigáveis em frente às câmaras.

O Presidente brasileiro aproveitou a oportunidade para agradecer a Putin a libertação de um cidadão brasileiro que esteve preso durante quase dois anos na Rússia por trazer um medicamento natural, considerado ilegal naquele país, ao sogro do futebolista Fernando, atualmente no Guoan de Pequim, na China, e a jogar futebol russo na altura.

"Agradeço-vos pelo vosso ato de conceder o perdão ao brasileiro que esteve preso na Rússia até ao ano passado e estamos também à vossa disposição", sublinhou.

Antes de se encontrar com Putin, Bolsonaro depositou uma coroa de flores no túmulo do soldado desconhecido em Moscovo perto do muro do Kremlin, dedicado aos combatentes soviéticos caídos durante a Segunda Guerra Mundial.

Antes de viajar, Bolsonaro salientou que a sua visita a Moscovo tem objetivos puramente comerciais, que se concentram sobretudo na necessidade crescente do Brasil de garantir o fornecimento de fertilizantes russos para a sua agricultura.

Existe uma intensa relação comercial entre os dois países, com o saldo claramente inclinado a favor da Rússia, que em 2021 exportou 5,7 mil milhões de dólares (5,014 mil milhões de euros) de produtos para o Brasil, 60% dos quais correspondendo a operações de fertilizantes.

As exportações do Brasil para a Rússia, também no ano passado, totalizaram 1,59 mil milhões de dólares (1,39 mil milhões de euros) e foram principalmente constituídas por produtos alimentares.