Boa Noite

Dar baile aos finalistas

Há matéria publicada e assumida que merece investigação policial

Boa noite!

Como parte interessada, li com muita atenção as ‘explicações’ de Rúben Alencastre ao DIÁRIO, que na sua edição de hoje retoma um logro que afecta 400 madeirenses, assunto que, ao contrário do que vende o entrevistado, não está nada calmo e ainda vai fazer correr muita tinta.

O madeirense diz-se ex-comercial da ‘Xtravel’. De facto, a ‘Xtravel’ já era, pois pediu insolvência, após falhar os reembolsos da viagem de finalistas prevista para 2020, mas que devido à pandemia nunca se realizou. Mas de resto, nota-se que o facto de ter participado no negócio de milhões de euros, com muito dinheiro por devolver a quem de direito, pesa-lhe na consciência e no discurso. Por isso, não é de estranhar que se tenha metido por caminhos apertados num processo em que deu a cara pelos caloteiros, acabando por estes também ser penalizado. Aliás, é de louvar que na ânsia de querer salvar a pele e de, em parte, branquear a imagem da empresa para a qual trabalhou, semeie dezenas de pistas e partilhe métodos de extorsão que devem merecer a atenção das entidades policiais e judiciais. Para que a fraude não se repita. Para que os finalistas de 2022 não sejam assaltados como os de 2020, com o País inteiro a ver.

A menos que seja comercial da Bravatour, só é estranho que Rúben Alencastre fale em nome da agência de viagens que apenas tratou dos bilhetes de avião entre a Madeira e Lisboa, ou seja, que em princípio nada tem a ver com o essencial do negócio, e que pelas suas contas já pagou parte do valor gasto nas passagens aéreas  nunca efectuadas de 90% dos 400 finalistas lesados em 2020. Conseguirá fazer prova de tamanha certeza e em que montantes?

O ex-comercial ousa ainda lamentar o papel pouco interventivo das escolas e dos pais, revelando algum desconhecimento sobre muito daquilo que recai sobre diversos protagonistas da Xtravel, que preferem chorar danos reputacionais, como se não tivessem responsabilidades susceptíveis de gerar expedientes processuais.

Já todos sabíamos que as viagens de finalistas eram pródigas em conteúdos impróprios para menores. As confidências que Rúben Alencastre deixou escapar colocam-nos perante um caso de polícia de dimensões maiores do que muitos imaginavam.