Kremlin diz que rejeição dos ucranianos à NATO responderia às preocupações russas
'Porta aberta' ao aliviar da tensão
O Kremlin declarou hoje que uma hipotética recusa por parte da Ucrânia da ideia de pertencer à NATO ajudaria ao Ocidente a responder de maneira "substancial" às preocupações de segurança da Rússia.
"É claro que, de alguma forma, confirmada a recusa da Ucrânia à ideia de pertencer à NATO seria um passo que contribuiria significativamente para formular uma resposta mais substancial às preocupações russas", disse o porta-voz da Presidência russa (Kremlin), Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa diária.
Peskov reagia assim às declarações realizadas hoje pelo embaixador ucraniano no Reino Unido, Vadym Prystaiko.
Em declarações à estação pública britânica BBC, o embaixador ucraniano indicou que o seu país seria "flexível" quanto ao seu objetivo de ingressar na Aliança Atlântica, sublinhando que a Ucrânia é um país "responsável", após o Presidente russo, Vladimir Putin, ameaçar entrar num conflito armado.
"Podemos (não aderir), especialmente a ser ameaçados assim, intimidados assim", disse Prystaiko, quando questionado se Kiev mudaria a sua posição sobre uma potencial integração na NATO.
A Ucrânia não é membro da Aliança Atlântica, mas manifestou interesse em entrar na organização militar ocidental, uma decisão que é vista como uma linha vermelha para o Kremlin.
O porta-voz do Kremlin observou que Kiev pediu ao embaixador que esclarecesse as suas declarações, então, frisou Peskov, "é improvável que esta (declaração) possa ser considerada um facto consumado".
A Presidência ucraniana lembrou hoje que o caminho euro-atlântico para que a Ucrânia se torne membro da NATO está consagrado na Constituição do país e é "uma prioridade incondicional", após as declarações controversas do embaixador ucraniano no Reino Unido.
Sergii Nykyforov, porta-voz do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse à agência de notícias ucraniana UNIAN que "o caminho euro-atlântico continua a ser uma prioridade incondicional" para a Ucrânia.
"Este caminho não só está consagrado na Constituição, como também foi adotado com o pleno consentimento do Governo e da sociedade", sublinhou.
Sergii Nykyforov enfatizou que o embaixador usou a palavra "flexibilidade" e que este deve ter a oportunidade de explicar o que quis dizer antes de serem retiradas conclusões, especialmente por serem declarações tão "sonantes", nomeadamente sobre um potencial abandono por parte da Ucrânia do caminho euro-atlântico.
A tensão entre Kiev e Moscovo aumentou desde novembro passado, depois de a Rússia ter estacionado mais de 100.000 soldados perto da fronteira ucraniana, o que fez disparar alarmes na Ucrânia e no Ocidente, que denunciou os preparativos para uma invasão daquela ex-república soviética.
Em dezembro, a Rússia exigiu garantias de segurança por parte dos Estados Unidos e da NATO para impedir que a Aliança Atlântica se expandisse mais para o leste e estacionasse armas ofensivas perto de suas fronteiras.
Moscovo escreveu recentemente uma carta a todos os países membros da NATO e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) pedindo-lhes que se posicionassem sobre o que entendem por segurança indivisível na Europa.
Apesar dos esforços diplomáticos, a diminuição da escalada militar e da tensão não foi alcançada até agora.
A Rússia alega que tem o direito soberano de estacionar tropas em qualquer lugar de seu território e, por sua vez, denuncia o fornecimento massivo de armas à Ucrânia pelo Ocidente.