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A disfunção eréctil em tempo de pandemia

Hoje é dia de São Valentim, um dia dedicado ao romance assinalando-se o Dia Europeu da Disfunção Eréctil. Ainda é um assunto “tabu”. Admite-se que os homens têm alguns preconceitos em consultar o médico para falar da disfunção eréctil, embora nos últimos anos são cada vez mais aqueles que, muitas vezes encorajados pelas companheiras, acabam por procurar ajuda especializada.

Metade dos homens com mais de 50 anos sofre de disfunção

A pandemia com coronavírus também afectou o diagnóstico e o tratamento da disfunção eréctil porque nesta época conturbada existem doentes com medo de sair do domicílio e procurar ajuda clínica.

A disfunção eréctil (impotência) atinge mais de metade dos homens com mais de 50 anos.

A disfunção eréctil ocupa a segunda posição entre as três disfunções sexuais mais frequentes. O desejo sexual hipoactivo é a mais comum das disfunções sexuais e afecta cerca de 16% dos homens no decorrer da sua vida. Depois a disfunção eréctil 13% e por fim a ejaculação prematura 12%.

Em Portugal existem 500 mil homens sofrendo disfunção eréctil e destes 190 mil têm disfunção eréctil grave.

A disfunção eréctil é um marcador importante da saúde física e psicológica, não é surpreendente a conexão com o covid 19, já que a doença afecta o bem estar físico e mental.

A situação torna-se mais frequente e grave com o avançar da idade. Se aos 40 anos a prevalência é de 15 a 20%, depois dos 75 é de 80%.

A idade é mesmo um dos factores de risco para a disfunção eréctil, à medida que o homem vai envelhecendo, as artérias vão sofrendo os efeitos da arterosclerose e assim se explica que a incidência seja baixa antes dos 40 e depois vá aumentando. A própria pandemia pode agravar a disfunção eréctil e dado que as afecções que envolvem as suas comorbilidades (com disfunção endotelial são sobreponíveis à da disfunção.

Pode ser o primeiro sintoma de algumas doenças importantes, nomeadamente da doença coronária, da diabetes, da hipertensão arterial, das dislipidémias e até das doenças da próstata. Cerca de 50% dos homens com doença da próstata (hiperplasia benigna da próstata) apresentam disfunção.

Existe uma relação directa entre os factores de risco da doença cardíaca e da impotência, porque como as artérias do pénis são artérias terminais de calibre muito fino, são atingidas precocemente e assim se explica que alguns doentes com disfunção eréctil, cinco ou seis anos depois do diagnóstico da disfunção venham a ter problemas cardíacos e nomeadamente enfartes de miocárdio.

São também factores de risco para a disfunção a obesidade, hipertensão arterial, patologias crónicas renais, hepáticas e pulmonares, alguns tratamentos farmacológicos (por ex: para o cancro da próstata ou anti-depressivos) e traumatismos da coluna. O tabagismo, o consumo de álcool e de drogas também concorrem para uma situação de impotência.

A covid 19 causa comprometimento do sistema vascular respiratório, lesando o revestimento interno dos vasos (endotélio) de todo o corpo, causando problemas vasculares, provocando microcoágulos que bloqueiam os vasos do músculo cardíaco e do pénis.

Os homens que são submetidos a algumas intervenções cirúrgicas (colo-rectais, pélvicas, prostatectomias) e até a radioterapia externa e a braquiterapia prostática também podem ficar com disfunção.

Daí chamamos a atenção para o facto de ser possível prevenir a disfunção eréctil, adoptando estilos de vida saudáveis, uma dieta rica em legumes, muitos frutos, baixo consumo da gordura animal a par do exercício físico. Combatendo a obesidade, a hipertensão, as dislipidémias e evitando o recurso ao álcool, ao tabaco e às drogas. Geralmente basta suprimir os factores de risco: o álcool, o tabaco, as drogas para melhorar uma disfunção.

O ritmo de vida moderno pode levar à disfunção. Para além dos factores de risco fisiológicos ou orgânicos também há factores psicológicos que não podem ser relegados para um segundo plano, é o caso do stress, da ansiedade, da depressão, situações que são cada vez mais comuns com o actual ritmo da vida das sociedades e sobretudo com o período económico conturbado que vivemos.

A disfunção só é considerada como tal quando se trata de um problema prolongado no tempo. “Se persistir durante pelo menos 3 meses”, o homem deve procurar ajuda médica.

É certo porém que todos os homens já experimentaram episódios esporádicos de impotência sexual ao longo da vida causados por stress, cansaço ou outras situações transitórias como uma discussão com a companheira.

A disfunção está subdiagnosticada em Portugal. Dos 500 mil homens que sofrem de impotência, apenas 20% a 25% procuram ajuda médica. É importante vencer o preconceito, há tratamentos para ajudar que vão melhorar a auto-estima do homem, a sua qualidade de vida e da companheira e consequentemente da vida em sociedade.

Tratamentos

Hoje em dia a disfunção eréctil é uma situação que tem vários tratamentos eficazes. Os mais utilizados na maioria dos casos são aqueles sob a forma de comprimidos que começarem a ser comercializados em 1998, constituem a chamada primeira linha de tratamento, existem várias marcas de medicamentos que são todos eficazes para o tratamento da disfunção. Chamamos a atenção para o facto dos comprimidos necessitarem de serem adaptados a cada situação (do doente/companheira), devendo por isso apenas serem tomados mediante receita médica, porque existem contra-indicações (Ex: Medicação para a angina de peito).

Quando os comprimidos ou o creme ureteral não resolvem o problema, existem outras hipóteses de tratamento como a injecção de medicamentos vaso-activos no pénis (Doente auto-injecta-se), o recurso a dispositivo de vácuo, os tratamentos hormonais (Testosterona) e finalmente as próteses penianas, são utilizadas apenas em 1% dos casos de disfunção eréctil quando fracassaram os outrs tratamentos.

Mas a verdade é que os tratamentos não actuem sozinhos. O papel da companheira é fundamental porque se a companheira motivar o doente, este terá melhor qualidade de vida, sentir-se-á melhor e vai tornar também a companheira mais feliz e uma melhor vida em casal.

Chamamos ainda a atenção para a importância de todos os tratamentos deverem ser sempre prescritos por um médico e para que não se comprem medicamentos através da Internet nem da TV, já que estes fármacos não estão sujeitos a controlo de qualidade e podem ser muito prejudiciais para a saúde.