Educação, traições do PSD e vaidades em destaque no 'Mulheres com palavra'
Neste dia mundial da rádio, ouça mais um dos programas de debate da TSF
A educação foi tema dominante da edição desta semana do programa da TSF 'Mulheres com palavra', espaço que junta Cátia Pestana, Elisa Seixas, Luísa Paolinelli e Violante Saramago Matos.
A convidada foi Luísa Paixão, que é docente há 30 anos e membro da Direcção do Sindicato do SPM, do Conselho Nacional da CGT, do Conselho Regional da USAM, do Secretariado da USAM e desempenha funções no Centro de Formação do Sindicato dos Professores da Madeira.
A taxa de abandono escolar da Região foi um dos ângulos da abordagem com Luísa Paixão, para quem "a questão não pode ser vista afastada de outros problemas como baixos salários, problemas sociais, precaridade". Julga que o pior numa sociedade que não é escolarizada é que "os jovens não saberão lutar pelos seus direitos, não terão espírito crítico, acabarão por aceitar tudo". Daí ter a percepção que “um futuro com uma sociedade mal preparada é um futuro muito assustador.”
Luísa Paixão também considera que tem havido desvalorização da classe docente de tal forma que a sociedade tenha deixado de ver os professores com os mesmos olhos que via há uns anos atrás e lamenta que a Madeira seja a única região do país onde são precisos 5 anos seguidos para vincular.
Abordou ainda a dificuldade de renovação da classe docente. “Hoje em dia os jovens não querem seguir a carreira de professores. Começa a haver professores a menos, de uma forma muito rápida", opina, revelando que este ano "vão mais de 100 professores para a aposentação.”
Na cauda do País
Os números do abandono escolar precoce na Madeira também mereceram uma reflexão de Luísa Paolinelli. “Aconselha leitura do relatório preliminar dos Censos 2021, "que não é nada bom para a Madeira, por isso não se fala muito nele". E lamenta que a Região, que vive estabilidade política há mais de 40 anos "o que deveria possibilitar que se tivesse políticas que não nos deixassem na cauda do país" tenha feito pouco. "Esperava-se mais", refere.
As "contas misteriosas" do Secretário da Economia acerca do número de jovens que entram no ensino superior também merecem reparo de Luísa Paolinelli. “Aquilo que tem estado a tentar fazer o Governo Regional empolando os números é Photoshop. Dizer que 87% dos alunos madeirenses têm o ensino superior é fazer um Photoshop fraquinho. Ao travestir os números não conseguimos olhar para a realidade e ter uma educação que chegue a todos", opina.
Traições do PSD
Em análise esteve ainda a anulação de mais de 157 mil votos da comunidade portuguesa no estrangeiro, com Elisa Seixas a sublinhar que o PSD acordou com a contabilização de todos os votos em reunião preparatória do ato eleitoral antes das eleições, quando achava que os ventos lhe eram favoráveis. Como não foram, decidiu castigar o eleitorado, nomeadamente o das comunidades madeirenses. Não o fez em Alemão, mas o princípio é o mesmo. Só se diz democrata e respeitador da vontade das pessoas se isso significar que ganhe. Estou em crer que as nossas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo não esquecerão esta traição do PSD.”
Elisa Seixas que também lamentou a falta de sentido de Estado do Governo Regional. “Este Governo Regional está apenas ao serviço dos interesses do partido – já nem falo do CDS, que se deixou absorver e andou a fazer campanha trasvestido já de laranja – e de quem compactua com o regime. Tudo lamentável e exemplificativo de como é muito difícil manter a chama democrática acesa nesta Região que continua a ser gerida como se uma colonia se tratasse. Mas não uma colonia da República, como o Governo Regional faz crer. Uma colonia sim, mas uma colonia de um partido político que trai os valores que estão na sua base. Um PSD que começou por se afirmar de centro-esquerda, de cariz social-democrata, e com base nos princípios da Liberdade, Igualdade e Solidariedade. Não os temos visto muito por cá.”, sublinha.
"O que aprendeu Tranquada Gomes além de passear a sua vaidade?”
Na rubrica 'Causa-me espécie', Violante Saramago Matos destacou os ataques informáticos em Portugal. “Os sucessivos ataques cibernéticos devem servir para repensar se queremos um modelo de sociedade totalmente entregue à tecnologia, como tantos defendem. Estaremos a substituir alegremente o Homo sapiens pelo Homo tecnus? Onde fica a humanidade?”, sublinhou.
As grandes superfícies comerciais também mexem com Violante: “Continua a instalação de grandes superfícies. Quais são as medidas que o GR tem – se é que tem – para o pequeno comércio tradicional e a pequena agricultura da ilha? O GR está conscientemente a transformar-se conscientemente no coveiro destes sectores?”
O teleférico do Curral das Freiras foi outro assunto exposto. “De iniciativa privada, e ainda sem estudo de impacto e discussão pública, o governo já pagou expropriações e passou a concurso para construção/exploração? Que jogada se esconde aqui?”, questiona.
A posição de partidos e personalidades face às ameaças à democracia e ao Estado de Direito merecem-lhe reparo. Muito à conta da entrevista de Tranquada Gomes ao JM. Para Violante Saramago Matos o ex-presidente da Assembleia Legislativa "passou de primeira figura na ordem constitucional regional a defensor de alianças com um partido que rejeita a Constituição, que rejeita a Democracia, que é racista e xenófobo". Daí a questão: "O que aprendeu Tranquada Gomes além de passear a sua vaidade?”