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A independência e os DDT - Donos Disto Tudo

Não arriscaria pôr aqui, em citação, a frase célebre do “grande educador” Arnaldo de Matos, filho de Santa Cruz (Madeira), e fundador do PCTP/MRPP. Mas a intenção fica! Por mais puteal que seja.

Não há dinheiro que pague a independência

Durante a campanha eleitoral, e não só, ficou evidente que não há nada que pague a independência do JPP. Além de causar um incómodo indisfarçável nos meios interinos e nos repastos da trupe do café-caviar, também despoletou ansiedades crescentes que chegaram às páginas dos “diários”. É um sinal evidente do indisfarçável incómodo, e da invejidade crescente pela certeira pontaria na ação mas, também, pela manutenção do projeto e pelo crescimento sustentado do JPP.

As reações emocionais mostram um indisfarçável desconforto, e as pegadas ao risco pelo código deontológico.

Tal como afirmou Martinho Lutero, no século XVI, o dogma nem sempre corresponde à fé.

Sobre este assunto, e sobre a falta de rigor e de isenção no tratamento jornalístico (no meu entender, claro) ficará um texto de opinião para os inícios de Março de 2022. Um tema que parece tabu, pois a maior parte dos seres políticos parece que têm medo ou receio infundado de confrontar o pessoal da informação: somos todos seres humanos, não é? Uns mais entediados, mais medrosos ou vendidos que outros!

Os escravos dos DDT - donos disto tudo

Há sempre alguém sorrateiramente à espreita que mordamos o anzol. Para, depois, vir a público afirmar alegremente que “fomos apanhados”. Toda a audácia comporta riscos como é óbvio. O Povo é atento e não ri da crítica da razão pura, ou seja, não troça do raciocínio (como afirmou Fernando Pessoa). Com o tempo, fica mais claro e transparente, que os vassalos obedecem cegamente aos donos. Para mostrar serviço, aparentemente limpo, usam o lixo acumulado em casa própria.

Fechemos esta parte com o raciocínio milenar. “Se não és senhor de ti mesmo, és escravo de alguém” (Epicteto).

Anos e anos de “escravatura”

Há dias, quando abordei o custo de vida com o senhor Presidente da República reforcei a abordagem histórica que, passados quase seiscentos anos do estabelecimento do sistema de Donatarias e Capitanias, as ilhas da Madeira e do Porto Santo continuam subjugadas aos interesses partilhados de novos capitães-donatários.

De certa medida, continuamos reféns de muitos interesses e de monopólios de três ou quatro famílias. O que mudou foi, essencialmente, a denominação dos capitães-donatários, que acabam por concentrar o poder económico sobre o poder politico; e onde o Povo e as pequenas e médias empresas trabalham arduamente para pagar os custos excessivos de uma gestão palaciana.

Prova disso, é que apesar do regime politico ter mudado, e dos 600 anos de evolução histórica, a resolução dos problemas das ilhas permanece. A mobilidade e os transportes são o “calcanhar de Aquiles” da Madeira e do Porto Santo.

Fazemos parte de um arquipélago que é pobre economicamente, mas que continua refém das mais altas taxas aeroportuárias do país; de um modelo de subsídio social de mobilidade que veio despoletar os preços exorbitantes das viagens aéreas; que padece da falta de um ferry que ajudaria a baixar os preços dos transportes de mercadorias.

O “oligopólio” dos transportes marítimos (sic, ACIF, 2019) é uma situação que penaliza fortemente a vida dos madeirenses e porto-santenses. Os preços praticados pelo atual modelo de transporte de mercadorias entre a Madeira e o continente agravam, em muito, o custo de vida. Recordemos, as palavras de um alto responsável pelos portos açorianos que afirmou haver uma diferença de menos 18% no valor pago entre o envio de um contentor de Lisboa para o arquipélago açoriano, do que da capital portuguesa para o Caniçal.

Quase tudo dito. Quão livre é a independência e ser, sempre, senhor de si mesmo.