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Acabaram-se as desculpas

Já é tempo de António Costa abandonar as vestes partidárias que o acompanharam nos últimos seis anos

Nas eleições legislativas nacionais de 30 de janeiro, a maioria dos eleitores decidiu atribuir uma vitória na Região à coligação Madeira Primeiro e no continente e nos Açores uma vitória ao partido socialista.

O PS obtém aquela que é a sua segunda maioria absoluta em legislativas nacionais, desta feita ao fim de seis anos de Governo, o que tornará António Costa o primeiro – ministro socialista com a maior longevidade neste cargo.

Por outro lado, o próximo Governo da República terá estabilidade e estará livre das amarras e das questões ideológicas do BE e do PCP, estando assim reunidas todas as condições para que António Costa governe bem e resolva de uma vez por todas, todos os dossiers pendentes da Madeira.

Já é tempo de António Costa abandonar as vestes partidárias que o acompanharam nos últimos seis anos e de governar como um estadista para todas as parcelas do território nacional, sem nunca excluir a Madeira.

É isso que os madeirenses e os porto-santenses esperam do próximo governo de António Costa - capacidade de diálogo e de cooperação, a inclusão da Madeira em todos os programas e apoios nacionais e a resolução dos vários dossiers pendentes.

Foram também essas as expectativas que António Costa criou ao prometer uma maioria absoluta de “diálogo” nos próximos quatro anos, “maioria de diálogo” essa que se espera que inclua as duas Regiões Autónomas e que seja uma oportunidade de ouro para resolver os inúmeros assuntos pendentes.

Concretizar este desiderato do diálogo e da resolução dos assuntos pendentes será um dos grandes desafios da próxima governação socialista, em simultâneo com a implementação de inúmeras reformas há muito aguardadas por todos. Falamos da revisão da Lei das Finanças Regionais, da Constituição, do sistema fiscal e do sistema eleitoral, ou por exemplo da reforma da justiça, da administração pública e da sustentabilidade da segurança social.

Mas, não é só, o novo Governo da República que vê aumentada a sua responsabilidade na resolução destes assuntos. Na atual conjuntura de maioria absoluta, os deputados socialistas eleitos pela Madeira terão também responsabilidades redobradas.

Espera-se por isso, uma nova postura por parte destes deputados socialistas madeirenses, que não se limitem “a abanar a cabeça” e a dizer “sim senhor” a António Costa, até porque poderão com o seu direito de voto e conjuntamente com os deputados socialistas açorianos, fazer a diferença aritmética nesta nova legislatura, contribuindo quer para a aprovação destas importantes matérias, quer para impedir eventuais decisões e maiorias absolutas contrárias aos interesses insulares, isto se tiverem a coragem de votar de forma diferente da sua bancada.

Uma coisa é certa, há muito tempo que um Governo não tinha um cenário e um conjunto de condições tão favoráveis para governar bem, como as que este Governo da República terá.

Não há neste momento, por isso, nada, nem nenhuma razão que impeça António Costa de clarificar o co-financiamento do novo Hospital, de resolver o subsídio social de mobilidade, de permitir o licenciamento de novas empresas no CINM, de cumprir com as suas obrigações e pagar à Região aquilo a que ela tem direito, de avançar com as obras e com os investimentos em falta nas esquadras da PSP e nos tribunais da Madeira, de consagrar um subsídio de insularidade e dupla insularidade aos funcionários da administração central a desempenhar funções na Região, entre muitos outros assuntos pendentes.

Da nossa parte, continuaremos a fazer o nosso trabalho na Assembleia da República, continuaremos a fiscalizar a atividade do Governo da República, a colocar na agenda política as questões da Madeira e a exigir aquilo a que temos direito.

A forma como a governação de António Costa decorrerá, o nível do seu empenho e do seu êxito na resolução dos inúmeros dossiers pendentes da Madeira, esses dependem como nunca, única e exclusivamente do Primeiro – Ministro e da sua estrita vontade.

Acabaram-se as desculpas.