Mundo

ONU continua a apoiar Abdelhamid Dbeibah como primeiro-ministro da Líbia

None

A ONU continua a apoiar Abdelhamid Dbeibah como primeiro-ministro interino da Líbia, declarou ontem o porta-voz da organização, Stéphane Dujarric, após a designação de um outro chefe de governo numa controversa votação no parlamento líbio.

Interrogado na sua conferência de imprensa diária sobre o prosseguimento do reconhecimento pela ONU de Dbeibah como primeiro-ministro interino, o porta-voz foi conciso. "Sim, para ser breve, sim".

"Os dirigentes líbios devem unir-se para chegarem a acordo, ou estabeleceram um consenso sobre o caminho a seguir", prosseguiu Stéphane Dujarric.

"Vimos as informações sobre a nomeação de um outro primeiro-ministro. A nossa posição permanece inalterada", declarou ainda, precisando que a ONU procura "obter detalhes sobre a decisão adotada" pelo parlamento.

"A ONU não é um procônsul ou uma autoridade geral na Líbia", sublinhou Stéphane Dujarric. "Estamos aqui e lá para ajudar o povo líbio e (...) é muito importante para todos os dirigentes e partes interessadas na Líbia que preservem o espírito do povo líbio", acrescentou.

À semelhança do que sucedeu entre 2014 e 2016, em plena guerra civil, a Líbia encontra-se de novo com dois primeiros-ministros.

Num aparente golpe de força constitucional da fação concentrada no leste do país contra os dirigentes de Tripoli, no oeste, o parlamento sediado em Tobruk designou o influente ex-ministro do Interior Fathi Bachagha para substituir Abdelhamid Dbeibah na liderança do Executivo de transição.

A Líbia mergulhou no caos depois da queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011.

Após anos de conflito armado e divisões entre o leste e o oeste, o governo de Dbeibah foi criado há um ano, sob a égide das Nações Unidas, para liderar a transição até uma dupla eleição presidencial e legislativa, marcada inicialmente para 24 de dezembro.

As eleições deveriam ser o culminar da interminável transição pós-Kadhafi, mas foram adiadas num cenário de desacordos entre as potências do leste, personificadas pelo parlamento e o pelo marechal Khalifa Haftar, e as do oeste, centradas no governo de Dbeibah e no Alto Conselho do Estado, que atua como um Senado.

O parlamento, sediado em Tobruk, considera que o mandato do Executivo expirou com o adiamento das eleições, mas o governo assegura que a sua missão deve durar até à nomeação de um governo que saia das urnas.

Hoje, Abdelhamid Dbeibah sofreu uma tentativa de assassínio quando estava no interior de um veículo a caminho de casa, em Tripoli, revelou uma fonte próxima do político ao jornal The Libya Observer.

De acordo com a fonte, que preferiu não ser identificada, Dbeibah, que viajava no veículo como passageiro, escapou ileso do ataque e os agressores fugiram após terem efetuado vários disparos contra a janela do carro.

A Procuradoria-Geral líbia anunciou, entretanto, a abertura de uma investigação para esclarecer o caso.