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Portugal diz que UE deve ser cautelosa "no levantamento das restrições"

Foto: JOSÉ COELHO/LUSA
Foto: JOSÉ COELHO/LUSA

ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse hoje que a União Europeia (UE) deve ser muito cautelosa "no levantamento das restrições" implementadas para fazer face à pandemia, alertando que a Ómicron "não é a última variante possível".

"Neste momento, parece que já passamos a fase pior desta vaga da pandemia e por isso que estamos a ir minorando as restrições que estão em vigo, mas isso não deve motivar qualquer imprudência", atentou à Lusa o governante, à margem de uma reunião conjunta de ministros dos Negócios Estrangeiros e da Saúde da UE em Lyon, França.

Augusto Santos Silva segue a mesma linha de pensamento da comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, que disse hoje esperar que a UE já esteja a recuperar da pandemia, mas pedindo cautela devido à imprevisibilidade do vírus, embora os Estados-membros estejam preparados "para o que está por vir".

"Após o início desta pandemia, nos últimos dois anos, todos nós vimos o impacto que a covid-19 teve na vida dos cidadãos. Creio que dizer que virámos a esquina, com as muitas voltas e reviravoltas desta pandemia, não é uma expressão que eu pelo menos usaria, mas estamos sim a [...] assistir, nas últimas sete a oito semanas, à estabilização do número de casos, de hospitalizações e de mortalidade", afirmou Stella Kyriakides.

Falando em conferência de imprensa após uma reunião conjunta de ministros dos Negócios Estrangeiros e da Saúde da UE em Lyon, França, a comissária europeia da tutela sanitária vincou que "há provas claras de que as vacinas funcionam e é por isso que existem menos hospitalizações e menos mortalidade, quando se verifica que alguns Estados-membros já atingiram o pico com a [variante] Ómicron".

"No entanto, nunca direi nunca com esta pandemia, pelo que temos de continuar a ser cautelosos, temos de continuar a olhar para a situação epidemiológica de cada Estado-membro e temos de continuar a encorajar os cidadãos a serem vacinados, porque sabemos que as vacinas aprovadas são seguras e eficazes", vincou.

"Para o que está por vir, estaremos preparados", adiantou Stella Kyriakides.

A posição surge numa altura de elevado ressurgimento de casos de infeção com o coronavírus SARS-CoV-2, principalmente devido à elevada transmissibilidade da variante Ómicron, mas também de elevada cobertura vacinal.

Dados divulgados no 'site' do Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) sobre vacinação revelam que, na União Europeia, 70,7% da população total terminou o curso primário de vacinação (com duas doses ou dose única), o equivalente a 316 milhões de pessoas.

Ainda segundo os dados do centro europeu, que têm por base as notificações dos Estados-membros, cerca de 210 milhões de doses de reforço foram já administradas no espaço comunitário, abrangendo 46,9% da população total da UE.

A covid-19 provocou pelo menos 5.761.646 de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 20.354 pessoas e foram contabilizados 2.997.770 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.

A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante do mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.