"Cansado de rebocar"
Há centristas que aguardam por milagre e outros sem fé que desesperam
Boa noite!
Se depender do eurodeputado Nuno Melo, o CDS não acaba. O problema é que, como o próprio admite, o partido governado por ‘Chicão’ desde Janeiro de 2020 tem um lado oculto e dramas que ninguém sabe como resolver. Sobretudo financeiros, os mesmos que terão estado na origem dos empréstimos suspeitos a militantes madeirenses, num processo que ainda fará correr muita tinta. Por isso, com alguma prudência, Nuno Melo anunciou hoje que só será candidato à liderança se conseguir garantir "condições institucionais” e se houver “um quadro de normalidade” que está ainda por apurar.
Toda a gente, ou quase, percebeu porque é que ontem Pires de Lima - apupado no congresso de Aveiro, o mesmo que elegeu o líder que se demitiu domingo!- assumiu que "o CDS morreu sem oportunidade de passar pela última estação”, aliás, na linha do que já havia dito Diogo Feio.
Ora, no momento mais difícil da história do partido, José Manuel Rodrigues encheu-se de fé. O presidente do CDS madeirense acredita numa trilogia que tem custos, logo difícil de implementar num partido sem dinheiro. Acha que "o partido vai renascer porque é essencial à Democracia portuguesa", porque "defende um conjunto de princípios e valores que mais nenhum partido representa" e porque é “um espaço onde convivem bem os democratas-cristãos, os conservadores moderados e os liberais com preocupações sociais".
A sã convivência sem divisórias parece-nos utópica. Basta analisar o que hoje foi assumido pelo líder centrista. Perante as críticas deixadas no DIÁRIO por Ricardo Vieira, Sara Madalena e Mário Pereira, não hesitou em atirar-se às “vedetas cheias de soberba". Rui Barreto não gostou do aviso público para os riscos que o CDS corre ao manter-se colado com cuspo ao PSD, quando toda a gente sabe que, se não traçar um rumo aceitável é descartável.
O CDS tem andado a reboque do PSD. Mas nem tudo o que parece é. "Estou cansado de andar a rebocar isto”, garantiu hoje Rui Barreto. Faça-se já uma auditoria a esta versão mecânica dos centristas e da coligação no poder, de modo a percebermos todos quem é que em 2023 vai pagar a factura.