É tempo de refletir
Ser mulher no século XXI é ainda para muitas mulheres, ver mitigadas as suas aspirações ao tratamento justo e igualitário em muitas sociedades. As mulheres continuam a deter demasiadas responsabilidades e demasiados deveres e pouco ou nenhum reconhecimento social. As mulheres têm sido as vítimas silenciadas e esquecidas de crimes abomináveis desenrolados no recato dos seus lares, longe dos olhares públicos. As mulheres aguentam pelos filhos, pela reputação, pela honra que lhes é roubada, pelos pais, pelos maridos, pela família. As mulheres são alvo de discriminação e piadas infames apenas pelo formato dos seus corpos ou pela cor do seu cabelo. As mulheres são julgadas pelo seu apeto, pelo seu vestuário, por se arranjarem ou por não se arranjarem. Às mulheres é imposta pela sociedade a imagem da perfeição em todos os momentos, o espartilho das maquilhagens, o “dress code” dos saltos altos e dos fatos “masculinos” para serem aceites num mundo de homens. A sociedade desacredita as mulheres. Às mulheres é pedido recato e contenção na palavra e na ação. É esperado que assumam um papel passivo e subserviente. À mulheres nem é permitido ascender a lugares de topo na religião que as relega para o lugar subalterno de subprodutos do homem. As mulheres têm atualmente mais instrução que os homens mas continuam a negar-se o direito de terem voz e serem tratadas da mesma forma.
As mulheres são vítimas de violência e repressão desde que nascem. São passadas da mão do “pai” para a mão do “marido/companheiro/namorad”, num contínuo de negação da sua vontade e individualidade. As mulheres são a ferramenta muda que moldou a sociedade dos países desenvolvidos e à custa da qual se cria riqueza. Muitas mulheres sofrem de privação de liberdade, de privação financeira, de solidão. Muitas mulheres aceitam o sofrimento como algo natural ligado à sua condição de mulheres. É preciso dizer basta! É preciso dar voz às mulheres. É preciso falar da causa feminista sem o revirar de olhos dos homens quando se aborda o assunto! É preciso encararmos este tema sem embarcarmos nos caminhos fáceis das outras desigualdades. É tempo de dar voz a todas as mulheres, é tempo das mulheres subirem o degrau que lhes falta para estarem ao lado do homem e não abaixo dele!
Helena Oliveira