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Chega quer mais "pressão política" sobre o Governo e insiste na demissão de Gomes Cravinho

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Foto: Facebook Chega Porto

O presidente do Chega, André Ventura, defendeu hoje ser necessário "aumentar a pressão política sobre o Governo" e reafirmou que o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, deve apresentar a demissão do cargo.

"João Cravinho tem explicações a dar, se não as der tem de pôr o seu lugar à disposição, parece-me muito claro", disse, para logo acrescentar: "Se não o fizer, o primeiro-ministro deve fazê-lo. Se [este] não o fizer, o Presidente da República deve chamar a atenção do primeiro-ministro."

André Ventura falava no Funchal, Madeira, no âmbito de um jantar de Natal com militantes e simpatizantes do Chega, no qual comentou a operação da Polícia Judiciária no Ministério da Defesa, antes tutelado por João Gomes Cravinho, que resultou em cinco detidos.

"Tem que aumentar a pressão política sobre o Governo e sobre o ministro João Cravinho, que perdeu todas as condições de continuar a exercer o seu cargo de ministro enquanto não der justificações para isto", declarou, reforçando: "Eu acho que se o Governo não o fizer, o Presidente da República tem que deixar claro que casos como este não se podem suceder e que o ministro fica politicamente muito fragilizado."

A operação "Tempestade Perfeita", desencadeada na terça-feira pela Polícia Judiciária em coordenação com o Ministério Público, resultou em cinco detenções, entre as quais três altos quadros da Defesa e dois empresários, num total de 19 arguidos, por atos praticados entre 2018 e 2021, que respeita ao período em que João Gomes Cravinho tutelou a Defesa.

Fonte ligada à investigação confirmou na terça-feira à Lusa que o ex-diretor-geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN) Alberto Coelho, o diretor de Serviços de Infraestruturas e Património, Francisco Marques, e o ex-diretor da Gestão Financeira do Ministério da Defesa Nacional Paulo Branco são os três altos quadros da Defesa detidos pelas autoridades.

Em causa estão gastos de cerca de 3,2 milhões de euros na empreitada para reconverter o antigo Hospital Militar de Belém, em Lisboa, num centro de apoio à covid-19, obra que tinha como orçamento inicial 750 mil euros.

A derrapagem foi revelada por uma auditoria da Inspeção Geral da Defesa Nacional (IGDN), que visou a atuação de Alberto Coelho.

"O Chega utilizará os expedientes parlamentares que tiver de usar para chamar o Governo à responsabilidade no parlamento", afirmou André Ventura, sublinhando que o partido pretende questionar o ministro sobre algumas das situações e factos revelados, nomeadamente "a razão pela qual protegeu o antigo diretor-geral de Recursos da Defesa", bem como "por que é que tentou encobrir os resultados da auditoria quando ela já se tornava pública e ainda a razão pela qual tentou, com vários procedimentos que vamos demonstrar ao longo da próxima semana, entupir e dificultar o trabalho das autoridades".

E reforçou: "Eu sei que isto são casos atrás de casos e, evidentemente, o Governo está a ensaiar a narrativa de que todos os dias querem a demissão de secretários de Estado e de ministros, etc. Mas isto são casos graves. Estamos a falar de vários milhões de euros."

Na Madeira, André Ventura abordou também a greve dos tripulantes de cabine da TAP, agendada para quinta e sexta-feira, considerando que a companhia aérea portuguesa continua a viver um "drama".

"Não pode continuar a ser o sorvedouro de dinheiro público que tem sido, sem querer ter responsabilidades ou sequer devolver esse dinheiro aos contribuintes, e não pode continuar a ter gastos absolutamente ridículos como temos visto, desprestigiando e menorizando as carreiras dos que lá trabalham", disse.

André Ventura explicou que o Chega não quer a TAP "totalmente nas mãos do Estado", mas também não pretende que seja "selvaticamente privatizada".

"Queremos uma TAP capaz de ser uma empresa-bandeira portuguesa, mas ao mesmo tempo que salvaguarde direitos dos seus trabalhadores e preste um bom serviço", declarou.