Putin admite usar armas nucleares mas só em resposta a ataque inimigo
O Presidente russo, Vladimir Putin, admitiu hoje que poderá utilizar armas nucleares, mas só "em resposta" a um eventual ataque inimigo desse tipo ao território da Rússia.
"Consideramos as armas de destruição maciça, as armas nucleares, um meio de defesa. [Utilizá-las] insere-se num contexto a que chamamos 'ataque de retaliação': se nos atacam, nós atacamos em resposta", declarou Putin numa reunião por videoconferência com membros do Conselho de Direitos Humanos ligado ao Kremlin (Presidência russa).
O chefe de Estado russo, que já várias vezes emitiu ameaças de utilização de armas nucleares desde que invadiu a vizinha Ucrânia, a 24 de fevereiro deste ano, disse hoje que "em nenhuma circunstância" iniciará um ataque nuclear, ou seja, a Rússia nunca será a primeira a recorrer ao seu arsenal nuclear.
"A Rússia, em nenhuma circunstância, será a primeira a utilizá-las", declarou Putin na reunião transmitida pela televisão.
Ao mesmo tempo, o dirigente russo reconheceu que está a aumentar a probabilidade de uma guerra nuclear.
"A ameaça de uma guerra nuclear está a aumentar, para que havemos de iludir-nos?", observou.
Questionado sobre o envio de armas táticas norte-americanas para países europeus, Putin assegurou que a Rússia não cederá o seu arsenal a ninguém, nem sequer aos seus aliados.
"As armas nucleares norte-americanas encontram-se em grande quantidade em território europeu. Nós não enviámos as nossas armas nucleares a ninguém e não vamos fazê-lo", afirmou.
Putin garantiu igualmente que, em caso de necessidade, Moscovo defenderá os seus aliados "com todos os meios ao seu dispor".
O líder russo insistiu ainda que as armas nucleares do país se encontram num estado "mais avançado e moderno" que o arsenal de outras potências atómicas.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 287.º dia, 6.702 civis mortos e 10.479 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.