Quase 700 mulheres vítimas de homicídio no Brasil em seis meses
Quase 700 mulheres foram vítimas de homicídio no Brasil no primeiro semestre de 2022, um número que corresponde a uma média de 3,8 por dia, segundo um estudo divulgado hoje pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
As 699 mortes representam um aumento de 3,25% ao do mesmo período do ano passado, o mais elevado número de femicídios (homicídios de mulheres) é o mais elevado registado no primeiro semestre do ano desde 2019, quando esta ONG começou a fazer estas medições.
O estudo também mostrou que o número de violações de raparigas e mulheres no Brasil aumentou 4,46% no primeiro semestre deste ano, para 29.285 casos, trazendo este indicador de volta ao seu nível pré-pandémico.
Em média, de acordo com os dados do primeiro semestre, uma rapariga ou mulher é violada a cada nove minutos no Brasil.
"Os dados mostram que a violência contra as mulheres aumentou nos últimos quatro anos, ao mesmo tempo que o investimento em políticas públicas para as proteger foi deliberadamente reduzido", disse a diretora do fórum, Samira Bueno, numa declaração.
A organização denunciou que os cinco milhões de reais (cerca de um milhão de 950 mil euros) que o Governo brasileiro investiu em 2022 em programas para combater a violência contra as mulheres representam o montante mais baixo dos últimos quatro anos.
Esta redução de recursos, denunciou Bueno, coincidiu com um período em que o Governo do líder brasileiro, Jair Bolsonaro, deu prioridade à família e desviou a atenção das mulheres como sujeitos de direitos nas políticas públicas.
Bueno salientou a necessidade de o vencedor das eleições presidenciais de outubro, Luiz Inácio Lula da Silva, oferecer alternativas a partir de 01 de janeiro, quando tomará posse, e dar prioridade às políticas públicas de prevenção e combate à violência de género.