A Guerra Mundo

Opositor do Kremlin pede que Putin retire tropas de território ucraniano

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Foto EPA

O opositor russo Iliá Yashin, que está a ser julgado por denunciar os alegados crimes de guerra cometidos pela Rússia na Ucrânia, pediu hoje ao líder do Kremlin, Vladimir Putin, que retire imediatamente as tropas do território ucraniano.

"Peço a si, Vladimir Vladimirovich (patronímico de Putin), que pare imediatamente com esta loucura, reconheça a política em relação à Ucrânia como errada, retire as tropas do seu território e encontre uma solução diplomática do conflito", disse hoje Yashin em tribunal.

Yashin acusou Putin de travar uma guerra "não apenas contra os ucranianos, mas contra os seus próprios compatriotas", já que milhares de russos morreram durante o conflito.

"Lembre-se, a cada novo dia de guerra, você é uma nova vítima. Basta! Você privou os russos da sua casa. Centenas de milhares de seus compatriotas já abandonaram a sua terra natal, pois não querem matar ou ser mortos. As pessoas fogem de si, senhor presidente", referiu.

O opositor do regime de Putin lembrou ainda que a política militarista -- alusiva à União Soviética (1991) -- já havia levado no passado à desintegração do Estado.

"Você mesmo entende o erro que cometeu em 24 de fevereiro. O nosso Exército não é recebido com flores [na Ucrânia]. Eles chamam-nos de ocupantes e assassinos. O seu nome é sinónimo de morte e destruição", prosseguiu.

Yashin, cuja sentença será conhecida em 07 de dezembro, anunciou que esta "vai ser uma decisão contra aquela parte da sociedade [russa] que quer viver em paz e de maneira civilizada".

Hoje, o procurador russo pediu nove anos de prisão contra o opositor por "disseminar informações falsas" sobre as Forças Armadas Russas em 07 de abril durante um direto no seu canal no YouTube.

Aliado do líder da oposição, Alexei Navalni, o acusado é um dos poucos políticos críticos do Kremlin que não deixou a Rússia desde o início da "operação militar especial".

A Amnistia Internacional já exigia em julho o fim do processo criminal contra o opositor por exercer o direito à liberdade de expressão e "criticar as ações do Exército russo na Ucrânia".