Madeira

Presidente do parlamento da Madeira alerta para danos sociais de "mistura explosiva" na economia

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O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira alertou hoje que a crise que se perspetiva no próximo ano, resultante de uma "mistura explosiva", compromete os rendimentos das famílias e terá graves consequências sociais.

"Esta mistura explosiva entre estagnação económica, inflação alta e subidas das taxas de juro, é altamente lesiva dos rendimentos das famílias e poderá ter consequências sociais graves", disse José Manuel Rodrigues na entrada da cerimónia de atribuição do Prémio + Valor Madeira do parlamento madeirense, no Funchal.

O responsável argumentou que "as crises geram novos tipos de pobreza", defendendo que "os órgãos de governo próprio da região e o Estado têm que estar atentos à situação que Portugal e a Região Autónoma da Madeira estão a atravessar".

José Manuel Rodrigues manifestou também preocupação com a situação da pobreza e considerou "não ser aceitável que numa economia social de mercado", como é a portuguesa, "os cidadãos trabalhem e depois, ao fim do mês, o que recebem de salário não dá para pagar as suas despesas".

"Podemos estar a assistir ao empobrecimento da classe média que não é nada bom para a nossa paz social", alertou.

Assinalando o Dia Internacional do Voluntariado, o presidente do parlamento madeirense saudou e agradeceu o trabalho de "centenas de madeirenses que diariamente prescindem de muito do seu tempo para ajudarem o seu semelhante".

Nesta segunda edição, o Prémio +Valor Madeira foi atribuído a Diana Mónica Lima de Freitas, mestre em Serviço Social, distinguindo o trabalho final de mestrado intitulado "Gestão de Equipas de Rua para Pessoas em Situação de Sem-Abrigo - O Caso da Região Autónoma da Madeira".

O prémio tem o valor monetário de 5.000 euros e foi criado em fevereiro de 2021, pela Assembleia da Madeira, para "reconhecer o mérito de trabalhos realizados em contexto académico, ao nível de teses de doutoramento e de correspondentes trabalhos de mestrado, bem como, ainda, de artigos científicos publicados em revistas especializadas, que se distingam, designadamente, pela qualidade, criatividade e inovação, em áreas que envolvam interesse para a Região Autónoma da Madeira e potencial aplicabilidade no arquipélago".

José Manuel Rodrigues apontou que o trabalho vencedor "não só faz o diagnóstico das pessoas em contexto de sem-abrigo na Madeira, como lança pistas e terapias para que se possa reduzir e inverter este problema que assola a região, em particular a cidade do Funchal".

"Este prémio é pelo estudo científico e pelo trabalho que a próprio Diana Freitas desenvolveu durante alguns anos na rua, em favor das pessoas sem-abrigo", enfatizou o presidente do parlamento insular.

O responsável salientou ainda que a investigação surge numa altura "em que se verifica um agravar do problema na cidade do Funchal".

"São pessoas que precisam de um projeto de vida. Não basta dar uma casa ao sem-abrigo. É necessário recuperá-lo das dependências, como o alcoolismo e as drogas, dar-lhe autonomia, reinseri-lo no seu familiar e social, e dar-lhe emprego e meios de subsistência para que essa reinserção não falhe", defendeu.

Por seu turno, a vencedora referiu que se tratou de "um trabalho de investigação muito árduo", numa área que merece toda a atenção.

Diana Freitas explicou que, desde 2016, integrou uma das equipas de rua que acompanha os sem-abrigo na Madeira, apelando aos dirigentes políticos "que tenham em conta todas as áreas de intervenção, porque as equipas sem respostas não conseguem dar continuidade ao seu trabalho".

O júri do concurso deste ano foi constituído por Conceição Estudante, antiga Secretária Regional, por Elsa Fernandes e António de Almeira, professores da Universidade da Madeira.