A Região tem de dar passos para a criação de uma comunidade terapêutica na Madeira, para tratar toxicodependentes. A opinião é da vencedora da II edição do prémio da Assembleia Legislativa ‘+Valor Madeira’. Diana Freitas foi distinguida pelo trabalho final de mestrado ‘Gestão de Equipas de Rua para Pessoas na Situação de Sem-abrigo - O caso da Região Autónoma da Madeira’.

É a partir desse estudo e com a experiência de trabalho em equipas de rua, deste 2016 até à última sexta-feira, que a premiada diz estar convicta de que é necessário avançar para uma comunidade terapêutica. Algo que, há alguns anos, recusaria. Mas a realidade mudou e hoje justifica-se.

Essa é a lacuna que encontra, pois, defende, junto da comunidade, a Região já tem as respostas necessárias e suficientes. “Temos equipas de rua. Temos serviço de acção social. Temos reposta na comunidade, estamos muito bem servidos. Possivelmente, vamos precisar de pensar de outra forma ao nível da área dos tratamentos.”

Diana Freitas também apelou aos magistrados para que facilitem o internamento compulsivo dos consumidores, que dele necessitam, mas que não têm essa consciência. “Muitos deles não estão capazes, nem têm sequer a essa percepção, de que não estão capazes de estar na rua, porque até são um perigo para eles próprios e para quem está no espaço que os envolve.”

“Não é aceitável” trabalhar e ser pobre

O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, que interveio na cerimónia de entrega do prémio, manifestou-se muito preocupado com a crise, que se adivinha, e suas consequências.

José Manuel Rodrigues falou em “estagnação económica, inflação alta e taxas de juro a subir”. Uma mistura que, observou, pode ter consequências graves. Nomeadamente ao absorverem as subidas salariais, que possam existir. Está em causa a chegada de mais uma crise social e de novos tipos de pobreza.

São temas a que devem estar atentos governos e assembleias e aquela que dirige está, garante. Deu como exemplo, o programa Reequilibrar, da autoria do Governo Regional, que está em debate na ALM, que visa apoiar no pagamento do crédito à habitação.

Outra grande preocupação do presidente do Parlamento vai para o elevado número de cidadãos que trabalham, mas que são pobres. Os seus rendimentos não chegam para pagar as despesas. “Não é aceitável.”

O júri da II edição do prémio +Valor Madeira foi presidido pela antiga governante Conceição Estudante.

Como explica a ALM, "o prémio '+Valor Madeira' tem como finalidade reconhecer o mérito de trabalhos realizados em contexto académico, ao nível de teses de doutoramento e de correspondentes trabalhos de mestrado, bem como, ainda, de artigos científicos publicados em revistas especializadas, que se distingam, designadamente, pela qualidade, criatividade e inovação, em áreas que envolvam interesse para a Região Autónoma da Madeira e potencial aplicabilidade nesta.”