Investimento da diáspora é mais do que um impulso
A nossa diáspora abarca dimensões diversificadas e um potencial humano que se mede também no plano económico (...). São mais de 3 mil milhões de euros que chegam a Portugal todos os anos
Portugal tem perto de um terço da sua população a residir fora do seu território. Os nossos 5 milhões de portugueses e lusodescendentes no estrangeiro proporcionam um potencial tremendo e crucial para a afirmação internacional de Portugal. A valorização da dimensão, da dispersão, do enraizamento e da afinidade a Portugal, tem sido o foco da minha ação. Porque ao valorizar as nossas comunidades e ao reforçar os seus vínculos, estamos a afirmar a portugalidade, a reforçar o orgulho e a contribuir para um Portugal ainda maior. E tenho constatado esse potencial, esse Portugal ainda maior, no âmbito do Roteiro “Portugal No Mundo: Caminhos Para Valorização das Comunidades Portuguesas” que tenho realizado pela nossa diáspora, colocando em evidência uma série de áreas que permitem reconhecer a importância dos portugueses na afirmação do nosso país no mundo. Em especial o papel do associativismo, da cultura e da língua portuguesa, a ligação aos jovens, a ciência, a tecnologia, a criatividade e a inovação. A nossa diáspora abarca dimensões diversificadas e um potencial humano que se mede também no plano económico. Com expressão, desde logo, nas remessas das comunidades que representam 1,7% do nosso PIB. São mais de 3 mil milhões de euros que chegam a Portugal todos os anos. Mas um potencial com expressão no investimento em Portugal, no aumento das exportações e na internacionalização das empresas nacionais através da rede de portugueses e lusodescendentes pelo mundo. Uma rede de potencial estratégico para a economia portuguesa. Bem sabemos do protagonismo da diáspora no mercado da saudade, na exportação dos produtos portugueses, muitas vezes através de cadeias de comercialização próprias. E também, diria, no mercado do orgulho e da herança, na atração de investimento externo e de turismo para Portugal. Alguns estudos realizados concluem que quase um quarto dos turistas estrangeiros que visitam o país têm alguma ligação a portugueses ou a lusodescendentes. E para encarar com grande importância este facto, dar-lhe mais expressão no plano económico, vertendo mais riqueza para a nossa economia, foi criado o Programa Nacional de Apoio ao Investimento da Diáspora (PNAID), uma iniciativa governamental coordenada pela minha Secretaria de Estado e pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional. O PNAID veio essencialmente dar um enquadramento aos apoios disponíveis para incentivar o empreendedorismo da diáspora em duas frentes: promover no nosso país o investimento dos portugueses que residem no estrangeiro, e promover as exportações e a internacionalização das empresas nacionais através da diáspora. E este tem vindo a revelar-se como uma enorme mais-valia e um forte potenciador do investimento. Disso são prova vários indicadores de que já dispomos. O primeiro é o da expansão da rede de Gabinetes de Apoio ao Emigrante, que são agora mais de 200. O segundo, são os 240 estatutos de Investidor da diáspora emitidos. Um instrumento que prevê incentivos específicos e majorações e avisos com benefício adicional se o investimento for localizado em territórios de baixa densidade. O terceiro são os 118 projetos de investimento acompanhados pelo Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora (GAID), que representam um investimento potencial superior a 111 milhões de euros, sobretudo nas áreas da agricultura e indústria alimentar, do imobiliário e turismo, dos serviços a empresas e tecnologias de informação, da comunicação e da eletrónica. Com o objetivo de acolher, facilitar e acelerar o investimento da diáspora, criámos recentemente a Rede de Apoio ao Investidor da Diáspora (RAID) que reúne municípios, comunidades intermunicipais, incubadoras e associações. Esta arrancou com mais de 300 entidades. Estamos perante um projeto que responde ao desafio de fazer corresponder um potencial a uma realidade. Que abre as portas às nossas comunidades empreendedoras. Que cria condições para que esses portugueses, que mais do que um impulso emocional, querem ter sucesso nos investimentos na sua terra. Que fomenta o investimento interno e externo. Que corporiza uma resposta do Governo a uma faceta do potencial da nossa diáspora. Para juntar investidores, entidades públicas, oportunidades de investimento e fomentar relações entre empresas nacionais interessadas em exportar e outros investidores da diáspora será realizado em Fátima de 15 a 17 de dezembro os ENCONTROS PNAID 2022. Um momento importante para também conhecer as prioridades políticas e as ferramentas ao dispor de todos aqueles que escolhem Portugal. Estão convidadas e convidados! Temos de continuar a estimular e a incrementar o seu investimento. Traduzir o orgulho em investimento, o talento, em oportunidades, o otimismo em vontades.