Prisões físicas e ideológicas
1 - Quando a folia da bola e as portuguesíssimas “fun zones” forem armazenadas até ao próximo período da nacional alienação, despertaremos para uma realidade que se imporá na primeira curva. As faces graves dos governantes após arrumarem – também eles – as máscaras do populismo das boas ondas, mostrar-se-ão como espantados penetras caídos numa enjeitada festa. António Costa irá dizer que avisou, e com olímpica desfaçatez apontará o dedo culpabilizante, ao revisitado passado de Passos. Na outra mão terá a tradicional esponja higiénica, com o subalterno Marcelo, para ilibar qualquer mácula dos seus longos sete anos de governo consecutivo, sufragado pela maioria dos portugueses em incontida conivência com Belém, como os crucificados que ladeando e apaparicando Cristo no monte do Calvário, aspiravam ao Céu. Há poucos dias, o PS aprovou solitariamente o OE-2023, (com a chancela dos deputados socialistas eleitos pela Madeira), onde as pretensões insulares foram (como sempre) desconsideradas. Cabisbaixos e em genuflexão manter-nos-emos submissos à delonga procedimental, da exaustiva fórmula para a obtenção do subsídio social de mobilidade. Mais do que a distância atlântica, aquilo que nos massacra para além da disponibilidade do bolso, é esta forma menor com que o Estado Português insiste em manter-nos o brinco do gado nas orelhas, ao não regulamentar a lei 105/2019 de 6 de dezembro. Permanecemos assim, bovinos, por decisão do Conselho de Ministros tomada no final do ano passado (em jeito de presente de Natal) num regime transitório do modelo de 2015, que ainda subsiste. O Estado português insiste em nos manter “presos” na natureza insular exigindo um dissuasor novelo administrativo, sempre que tenhamos de sair das ilhas para outra parcela nacional territorialmente descontinuada. 2 - A data do “25 de novembro” foi tema de uma conferência promovida pelo Município de Câmara de Lobos. Esta data nos tempos áureos do jardinismo, era objeto de uma sessão comemorativa na ALRAM, como lembrou o ex-presidente do Governo Regional, um dos conferencistas do evento, que questionou retoricamente o facto dessas sessões terem sido repelidas em 2015. Na verdade, o PSD-M de mãos dadas com o BE-M e PCP-M, rejeitou uma proposta do CDS-M, que pretendia a continuidade dessa comemoração. Esta conferência teve o contributo de humildemente navegar contra a corrente do esquecimento desta importante data, e da atual tentação dos revisionismos históricos a juntar aos habituais ressabiamentos duma extrema-esquerda em agonia. Ricardo Vieira o moderador desta conferência era deputado centrista na ALRAM em novembro de 2015, e no dia 24 assim discursou: «A Madeira só é Região Autónoma na pátria portuguesa porque se fez uma primavera de liberdade em Novembro de 1975 (…) mesmo que uma estranha esponja dita renovada, nos queira refazer agendas, nós ousamos dizer que o 25 de Novembro não morreu.» Desejo a todos umas Boas Festas!