Artigos

A ilusão

Temos jogadores fantásticos, uma equipa ainda algo distante do que se espera e um treinador conservador com um modelo de jogo que não agrada. Pode desperdiçar uma geração extraordinária de futebolistas. Não faz sentido a contenção, de forma lenta, com passe para o lado, quando nos respectivos clubes os nossos entram em campo sempre para ganhar, com posse, rapidez e ao ataque.

É preciso competir muito, lutar, pressionar, dar o litro. Os adversários são poderosos, mesmo os menos cotados, correm que se farta, dão tudo em campo e compensam fragilidades com entrega.

Com o Gana houve fases do encontro que parecia estarmos a fazer tempo, tal a lentidão. Faltou pressão forte e permanente, recuperação rápida da bola, velocidade, profundidade, largura no ataque. A todo o tempo e não só a espaços. E o técnico mexe tarde demais. Fica à espera que a gente grite.

Com o Uruguai a vitória chegava, mas houve períodos da disputa que voltamos ao passe lateral sem progressão. F. Santos bem que podia tomar três Red Bull e mandar o pessoal “pra cima deles”. Mas não. Deve tomar Xanax antes dos jogos. Podia ter dado para o torto. Salvou-se ter alterado bem, apesar de tardiamente, outra vez.

Com a Coreia era o 1º lugar no grupo que estava em questão. Para não nos sair o Brasil na rifa. Desvalorizamos o adversário. Jogamos de smoking e os coreanos de fato-macaco. A exibição foi paupérrima. A ilusão desvaneceu-se. O empate chegava e pareceu que era esse o objectivo. Errado. Temos de jogar sempre para vencer. Se quisermos sair do Qatar com algo mais do que quando chegamos. Quanto ao treinador, se acontecer a improbabilidade de irmos à final, receio que aceite dividir a taça com o adversário.