D. Nuno Brás realça a "paixão" que marca a vida cristã
Segundo o bispo do Funchal, o maior desafio de 2023 diz respeito às Jornadas Mundiais da Juventude
O bispo do Funchal, D. Nuno Brás, nos cumprimentos de Natal ao Clero, Leigos e Consagrados, realçou a "paixão", que marca a vida cristã quando esta procura corresponder ao convite do Senhor.
Esta audácia, esta “paixão” por tornar presente o Evangelho vem-nos de termos um dia encontrado a pessoa de Jesus no caminho da nossa vida. Encontrámos este Jesus seja no berço (ou mesmo no seio da nossa mãe); ou encontrámo-lo quando jovens ou, apenas, enquanto adultos. Mas esse encontro com Jesus, que nos permite hoje dirigirmo-nos a Ele e dizer-lhe “Tu”, abrindo o coração ao Ressuscitado, esse encontro marca a nossa vida para sempre e de um modo essencial — muito mais que as nossas outras referências presentes no Cartão de Cidadão. Marca a nossa vida como marcou definitivamente a vida de S. Paulo e o fez correr a anunciar a Boa Nova pelo mundo conhecido de então, e de tantos outros, em particular dos santos que nos precederam, e de uma verdadeira multidão incontável de cristãos. D. Nuno Brás.
Acrescentando ainda que sem "esta paixão, não é possível uma verdadeira vida cristã: torna-se impossível ser discípulo do Senhor; torna-se impossível a verdadeira conversão; torna-se impossível a caridade; torna-se impossível a evangelização".
Sem esta paixão, sem este enamoramento, não é possível seguir Jesus: “Se alguém me segue e não me tem mais amor que ao seu pai, à sua mãe, à sua esposa, aos seus filhos, aos seus irmãos, às suas irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,26). Como podemos segui-Lo, entregando-nos totalmente, olhando e vivendo tudo com o olhar e com o coração de Jesus, se uma parte do nosso existir tem reservas a essa entrega? Sem estarmos enamorados de Jesus nunca seremos capazes de deixar tudo para O seguir. D. Nuno Brás.
"A nossa oração fica reduzida a um “sentir-se bem”, um conjunto de sentimentos que nos adormecem, incapacitando a verdadeira conversão, ou a um conjunto de ritos repetidos maquinalmente. O louvor a Deus, a oração, resume-se, nesse caso, a um auto-louvor, condescendente e auto-justificador", disse o bispo do Funchal, referindo que sem este enamoramento "não há sequer liturgia cristã".
Também a falta de paixão faz com que não haja caridade: "O outro fica reduzido a alguém de quem tenho pena e que torno facilmente num objecto para que eu possa praticar o bem. O outro deixa de ser alguém que Deus ama apaixonadamente e por quem Ele se fez homem e se entregou na cruz: apenas amando com o coração de Jesus sou capaz de verdadeira caridade".
Sem o enamoramento de Jesus, não há evangelização. Como vamos transmitir algo de essencial para a vida de outros se nós próprios não o vivemos como essencial? A vida cristã fica reduzida a um repetir de ritos sem sentido; o anúncio do Evangelho reduzido à repetição de categorias intelectuais que não convencem; a Igreja reduzida a uma instituição velha, que precisa de se adaptar ao mundo e às suas regras. D. Nuno Brás.
Também nas palavras proferidas, o bispo realçou que o próximo ano trás desafios que necessitam preparação, sendo que o maior deles é, "sem dúvida, as Jornadas Mundiais da Juventude que o Papa Francisco convocou para Lisboa, no início de Agosto".
Na semana anterior, também nós iremos receber peregrinos vindos de várias partes do mundo. Precisamos de nos mobilizar, e (sobretudo) de nos dispormos a acolher todos esses jovens que nos vão bater à porta como irmãos na fé e dando-lhes o testemunho de vida cristã. D. Nuno Brás.
O bispo do Funchal espera que "Deus disponha os nossos corações para O acolhermos sem reservas; para nos deixarmos encontrar por Ele e por Ele orientar o nosso existir. Que Ele nos ajude a acolher todos estes jovens que vêm até nós; e para irmos também, em maior número possível, a Lisboa, ao encontro desta verdadeira multidão que manifesta Cristo vivo, presente no meio da Igreja e do mundo, presente no meio da história".
No início das suas palavras agradeceu as mensagens que recebeu durante a quadra natalícia: "Todas as manifestações de amizade (e mesmo de carinho), escritas ou de viva voz, com que me vi rodeado ao longo desta quadra natalícia, muitas das quais não tive oportunidade de agradecer devidamente. É, de verdade, uma riqueza poder partilhar a vida da fé com tantos, com todos os diocesanos do Funchal. É uma riqueza sermos uns para os outros o rosto da alegria do Natal, e poder receber de todos o testemunho crente".