Madeira

Vieira da Silva considera que Tecnologias mudam estrutura do emprego mas não o extinguem

Hélder Santos/Aspress
Hélder Santos/Aspress

O último interveniente é o bem conhecido ex-ministro do Trabalho, José Vieira da Silva. O professor e antigo governante começa por relevar que não se pode falar de trabalho sem considerar a economia e, no caso, as regras ou constrangimentos europeus.

‘Políticas públicas e criação de emprego’ é o mote da intervenção de Vieira da Silva. Apesar das mudanças, entende que o trabalho será fundamental na organização das sociedades e a automatização ou digitalização não vai mudar essa realidade.

Apesar de todos os problemas, o trabalho recompensa como redução da pobreza. Quem não tem trabalho, a taxa de pobreza é muito mais alta.

Em Portugal, a grande criação de emprego foi feita por empresas e não pelo trabalho independente. Aliás, nos últimos anos, o trabalho independente decaiu, tanto em Portugal como na Europa.

“O trabalho conta, o trabalho assalariado é fundamental nos equilíbrios sociais”.

Para termos emprego sustentável, tem de haver progresso nas qualificações. A ideia de que não compensa, não é verdade. Mas é decisivo que exista investimento reprodutivo, sustentável. Portugal teve uma quebra total do investimento, desde 2010.

Também se impõe termos uma economia competitiva, sermos capazes de oferecer bens e serviços sustentáveis.

Estas dimensões devem de ser suportadas por cooperação institucional, por exemplos, na concertação social. É uma dimensão crítica à sustentação do emprego, considera Vieira da Silva.

O antigo governante também dá muito relevo à formação e ao ensino e nota que Portugal está muito abaixo, em especial, na qualificação.

As economias pequenas e expostas só se afirmam coma diferenciação do produto e do serviço.

Para a competitividade é também importante a sustentabilidade reforçada - Energia e Ambiente. Vieira da Silva põe mesmo a hipótese de ser obrigatório as empresas terem pessoas ou departamentos dedicados a esta matéria.

O reforço das qualificações é uma imposição.

Vieira da Silva não sabe se haverá uma nova globalização, mas tem uma certeza. As questões energéticas e ambientais serão determinantes.

O professor também entende que as mudanças tecnológicas não são uma ameaça ao emprego, apenas mudam a estrutura do mesmo. A questão é se a mudança de emprego, resultante da tecnologia, vai respeitar a distribuição de emprego que existe. A criação de novos empregos vai surgir no mesmo local em que é destruído? Essa é a grande incerteza.

Outra coisa que se impõe, nos pólos de desenvolvimento, é a cooperação entre públicos e privados.

Vieira da Silva entende, igualmente, que os apoios públicos ao emprego, devem ser prolongados, por exemplo em parcerias. Apoiar o arranque e depois sair é condenar ao insucesso. As parcerias prolongadas reflectem-se na redução de custos em apoios sociais.

Vieira da Silva diz haver na Madeira uma fragilidade particular nas classes médias. Há uma grande parte da população eu vive com rendimentos próximos do limiar da pobreza.

Factores críticos: estabilidade das relações laborais; níveis de qualificações; salários e apoio aos empregados.

Sobre as prioridades das políticas activas de emprego, impõe-se; respostas rápids; postar na formação e no ensino; apostar na aprendizagem ao longo da vida.