Nomeado novo coordenador para a Iniciativa de Cereais do Mar Negro
O secretário-geral da ONU, António Guterres, nomeou hoje um novo coordenador para a Iniciativa de Cereais do Mar Negro, um acordo entre a ONU, a Ucrânia, a Rússia e a Turquia, iniciado para atenuar a crise alimentar mundial.
De acordo com o porta-voz de António Guterres, num comunicado citado pela agência France-Presse (AFP), o sudanês Amir Mahmoud Abdulla, que ocupava o cargo desde agosto, será substituído pelo kuwaitiano Abdullah Abdul Samad Dashti, um almirante reformado das Forças Armadas do Kuwait.
Abdullah Abdul Samad Dashti foi também, nos últimos anos, adido militar do Kuwait na Bélgica e representante do seu país junto da NATO.
"O secretário-geral agradece a Amir Mahmoud Abdulla pela sua supervisão, trabalho árduo e compromisso para pôr em prática a Iniciativa, nomeadamente em momentos difíceis", lê-se no comunicado.
A Iniciativa de Cereais do Mar Negro (nome oficial do acordo de exportações de cereais ucranianos dos portos da Ucrânia) decorre de um acordo alcançado em 22 de julho, e tem ajudado a aliviar a crise alimentar mundial provocada pela guerra na Ucrânia.
O acordo, que expirava em 19 de novembro, foi renovado em meados desse mês para os meses de inverno.
Segundo o ministro da Política Agrária da Ucrânia, 580 navios, carregados com 15 milhões de toneladas de cereais, partiram dos portos ucranianos desde julho, rumo à Ásia, África e Europa.
A secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês), Rebeca Grynspan, envolvida na Iniciativa, anunciou em 15 de dezembro que foram exportadas dos portos ucranianos mais de 14 milhões de toneladas de cereais.
Por outro lado, a Rússia denuncia a não aplicação, devido a sanções ocidentais, de um segundo acordo com a ONU, também datado de 22 de julho, para as suas exportações de cereais e fertilizantes.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.