Onze suspeitos do atentado de Grand-Bassam condenados a prisão perpétua
Um total de 11 suspeitos, incluindo sete à revelia, foram hoje condenados a prisão perpétua pelo ataque terrorista na cidade litoral de Grand-Bassam, Costa do Marfim, que matou 19 pessoas em março de 2016.
O tribunal de Justiça de Abidjan considerou os arguidos, todos de origem maliana, "culpados dos atos pelos quais são acusados e condenou-os a prisão perpétua", disse o juiz Charles Bini.
A justiça acedeu assim ao apelo do procurador Richard Adou, que tinha pedido prisão perpétua há uma semana.
Dos 11 arguidos, só quatro estiveram presentes na condenação: Hantao Ag Mohamed Cissé, Sidi Mohamed Kounta, Mohamed Cissé e Hassan Barry foram acusados d?ecumplicidade no ataque, ao ajudarem os cérebros da operação - ausentes do julgamento - na identificação do alvo, acusação que eles negaram.
Catorze outros arguidos estão em liberdade ou detidos no Mali: sete foram também condenados a prisão perpétua à revelia e outros sete foram absolvidos.
Entre os condenados à revelia encontra-se Mimi Ould Baba Ould El Moktar, preso em janeiro de 2017 por soldados da força francesa Barkhane. Moktar é considerado pelas autoridades marfinenses como um dos mestres do ataque de Grand-Bassam, e pelas autoridades burquinenses como o "chefe de operações" de outro ataque que matou 30 pessoas em Ouagadougou, em janeiro de 2016.
O tribunal emitiu um mandato de captura internacional contra Kounta Dallah, que foi descrito como o "cérebro operacional" do ataque na Costa do Marfim.
Todos os arguidos foram acusados de "atos terroristas, homicídio, tentativa de homicídio, ocultação de criminosos, posse ilegal de armas de fogo e munições de guerra e cumplicidade nestes actos".
"O meu sentimento é misto", disse um dos advogados de defesa, Eric Saki, explicando: "Estou feliz por aqueles que foram totalmente absolvidos, mas estou triste pelas quatro pessoas que, na minha opinião, também deveriam ter beneficiado com a decisão de absolvição".
Durante os argumentos finais, o procurador afirmou que era importante "desencorajar os seguidores destes atos terroristas", acrescentando que o país tem frequentemente sido confrontado "com horror e barbárie".
Em 13 de março de 2016, três jovens assaltantes invadiram a praia de Grand-Bassam, popular entre os estrangeiros, e depois vários restaurantes no local, disparando contra clientes, antes de serem neutralizados pelas forças de segurança da Costa do Marfim.
Reivindicado pela filial da Al-Qaida no Magrebe Islâmico (Aqmi), este ataque terrorista matou 19 civis, incluindo quatro cidadãos franceses. Três soldados da Costa do Marfim foram também mortos.
Além dos quatro franceses, nove costa-marfinenses, um libanês, um alemão, um macedónio, um maliano, um nigeriano e uma pessoa não identificada foram mortos no ataque e 33 pessoas de várias nacionalidades foram feridas.
Em janeiro de 2017, soldados da força francesa Barkhane capturaram um suspeito-chave, Mimi Ould Baba Ould Cheikh, considerado pelas autoridades da Costa do Marfim como um dos cérebros do ataque e pelas autoridades como o "chefe de operações" de outro ataque que tinha matado 30 pessoas em Ouagadougou em janeiro de 2016.
O ataque, que foi levado a cabo como retaliação contra as operações antiterroristas de Barkhane e Serval realizadas pela França e pelos seus aliados na região do Sahel, teve também como alvo a Costa do Marfim por entregar membros da Aqmi às autoridades do Mali.
Em 2020 e 2021, as forças de defesa e segurança foram alvo de ataques mortíferos atribuídos a grupos rebeldes no norte da Costa do Marfim, que, no entanto, não viu quaisquer ataques contra civis desde o ataque de Grand-Bassam.
Este ataque afetou gravemente o setor do turismo neste país, já enfraquecido por anos de crises pós-eleitorais, nomeadamente no período de 2010 a 2011.
O ataque terrorista de Grand-Bassam, o primeiro cometido na Costa do Marfim, reivindicado pela Al-Qaida, ilustrou o medo já presente em 2016 de uma extensão da violência extremista no Sahel para os países do Golfo da Guiné.