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PR de Israel chama futuro ministro de extrema-direita em véspera de posse do novo Governo

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O Presidente israelita convocou hoje, véspera da posse ao novo Governo, para uma reunião atípica o político extremista Itamar Ben Gvir, futuro ministro da Segurança Nacional, enquanto o primeiro-ministro indigitado, Benjamin Netanyahu, nomeou um colaborador próximo para a Defesa.

O Presidente de Israel, Isaac Herzog, convocou uma reunião com Itamar Ben Gvir, líder do partido Otzma Yehudit (Poder Judaico), que será empossado como ministro da Segurança Nacional, tendo expressado "profunda preocupação" com as propostas da extrema-direita no pacto que permitiu a formação do Governo de coligação.

Segundo o comunicado divulgado pelo gabinete de Herzog, o Presidente - uma figura mais conciliadora e protocolar do que política - transmitiu os "receios de amplos setores da nação e do mundo judaico sobre o próximo Governo".

O acordo definitivo para a coligação governamental passou por ampliar a autoridade sobre a polícia do extremista Itamar Ben Gvir, que ocupará o Ministério da Segurança Nacional.

As negociações com os parceiros da extrema-direita ultranacionalista e supremacista judaica - dos quais Ben Gvir é um dos principais expoentes -, que permitirão ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, tomar posse quinta-feira no Knesset (parlamento israelita), incluem medidas controversas.

Entre essas medidas estão uma cláusula discriminatória que permite a qualquer profissional recusar-se a comparecer ou servir outra pessoa se esta violar a sua fé religiosa -- o que pode afetar a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros) --, a vontade de avançar para a anexação da Cisjordânia e impor a identidade judaica de Israel aos valores democráticos estabelecidos.

Herzog enfatizou que o papel de qualquer um dos membros da futura coligação "é trabalhar para todos os setores da nação, no espírito da Declaração da Independência", referiu o comunicado.

O líder do partido Poder Judaico disse ao Presidente que a sua prioridade é "servir toda a nação e sociedade israelitas como Ministro da Segurança Nacional e reforçar o sentido de segurança dos cidadãos nas ruas", segundo relataram as agências internacionais.

Ben Gvir sublinhou que nem ele nem os seus outros parceiros da extrema-direita -- os partidos Sionismo Religioso e o Noam -- "pretendem excluir ou prejudicar qualquer grupo populacional" e que estarão atentos às "vozes de todos os setores da nação".

Em véspera de tomada de posse, o primeiro-ministro indigitado anunciou que "decidiu nomear Yoav Galant como ministro da Defesa", anunciou o partido de direita Likud, liderado por Netanyahu, em comunicado.

Yoav Galant, 64 anos, ex-comandante da região sul, ocupou vários cargos ministeriais em anteriores governos liderados por Netanyahu.

Nas eleições legislativas de 01 de novembro, Netanyahu e os seus aliados conquistaram uma maioria de 64 dos 120 assentos parlamentares no Knesset e o líder do Likud começou por prometer formar uma coligação rapidamente.

O processo acabou, no entanto, por ser mais complicado do que o previsto, em parte porque os parceiros ultraortodoxos e de extrema-direita do Likud exigiram garantias firmes sobre o futuro projeto de governo.

O Likud, que lidera a coligação, divulgou hoje as diretrizes políticas do novo Governo, referindo que irá "avançar e desenvolver colonatos em todas as partes de Israel - na Galileia, Negev, Montes Golã e Judeia e Samaria" - os nomes bíblicos para a Cisjordânia.

Através da rede social Facebook, Benjamin Netanyahu também escreveu sobre as prioridades do futuro governo, indicando a continuação da luta contra a política nuclear iraniana, a extensão dos acordos de paz com os países árabes vizinhos "como parte da defesa dos interesses de segurança, históricos e nacionais de Israel" e o desenvolvimento de uma política de colonatos na "terra de Israel".