Pelo menos cem pessoas enfrentam acusações que podem acabar em pena de morte
Pelo menos cem iranianos, detidos nas manifestações que decorrem desde setembro no Irão, enfrentam acusações passíveis de punição com pena de morte, alertou ontem a organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo.
O Irão enfrenta uma vaga de protestos, que começaram após a morte, a 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma jovem curda de 22 anos que fora detida três dias antes pela polícia da moralidade, que a manteve sob custódia, sob a acusação do uso indevido do 'hijab', o véu islâmico.
As autoridades iranianas executaram este mês dois homens, condenados pelo seu papel nas manifestações, numa escalada de repressão por parte das autoridades que, de acordo com ativistas, visa semear o medo entre a população.
Num relatório hoje divulgado, citado pela Agência France Presse (AFP), a IHR identificou cem detidos em risco de serem condenados a pena de morte, dos quais 13 já estão no 'corredor da morte'. A ONG alerta que muitos destes detidos têm acesso limitado a um advogado.
"Ao decretar condenações à morte e executar alguns manifestantes, as autoridades querem que as pessoas voltem para casa", afirmou o diretor da IHR, Mahmood Amiry-Moghaddam, em declarações à AFP.
O comportamento das autoridades, disse o responsável, "teve um certo efeito". "Mas o que observámos, de forma geral, foi um aumento da raiva contra as autoridades", afirmou, defendendo que "a estratégia de semear o medo com as execuções fracassou".
De acordo com a IHR, 476 manifestantes foram mortos desde meados de setembro.
Em novembro, as Nações Unidas divulgaram que pelo menos 14 mil pessoas foram detidas desde o início dos protestos no Irão.
Majidreza Rahnavard, de 23 anos, foi enforcada em público no dia 12 de dezembro, depois de ter sido condenada por um tribunal de Machhad, no nordeste do Irão, de ter matado dois elementos das forças de segurança.
Quatro dias antes, Mohsen Shekari, também de 23 anos, tinha sido executado por ter ferido um elemento das forças de segurança.
De acordo com as autoridades judiciais, outras nove pessoas foram condenadas à morte, em ligação com os protestos. Os julgamentos de duas destas pessoas serão repetidos.