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Forças curdas da Síria em alerta depois de ataque terrorista em Raqqa

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Foto: Al Arabia

As forças curdas sírias ativaram hoje o estado de alerta e procuram 'jihadistas' no norte do país por temerem novos atentados, um dia depois de um ataque terrorista fracassado do autodenominado Estado Islâmico, disse uma autoridade curda.

Seis membros das forças de segurança curdas e um 'jihadista' foram mortos na segunda-feira num ataque reivindicado pelo Estado Islâmico (EI) contra o quartel-general das forças curdas em Raqqa, que teve como alvo uma prisão onde estão detidos vários membros daquele grupo fundamentalista islâmico.

Após o ataque, a administração autónoma curda declarou estado de emergência em Raqqa e proclamou toque de recolher na cidade.

"Está em curso uma campanha para procurar e perseguir possíveis células do Daesh [acrónimo árabe para EI] e o toque de recolher vai permanecer em vigor até novo aviso", avançou o porta-voz das Forças Democráticas Sírias (FDS, denominadas pelos curdos), Farhad Chami, citado pela agência francesa de notícias AFP.

"Temos informações sobre potenciais ataques do Daesh durante os feriados do fim de ano [nas cidades de] Raqqa, Hassaké e Qamishli", todas sob controlo curdo, acrescentou o porta-voz, especificando que as forças curdas estão "em estado de alerta".

Raqqa era a antiga "capital" do EI na Síria, que ali estabeleceu um regime de terror, impondo uma restrita lei islâmica e promovendo inúmeros abusos.

Citados pela AFP, vários moradores da cidade admitiram que o ataque de segunda-feira provocou memórias do 'reinado' dos 'jihadistas'.

"Não conseguimos esquecer o que o Daesh fez no passado, querem fazer-nos voltar ao medo e ao pânico" daquela altura, afirmou o gerente de um supermercado em Raqqa, que pediu anonimato por medo de represálias.

Também Osama al-Khalaf, um ativista que vive na cidade, referiu que, desde o ataque de segunda-feira, os moradores de Raqqa "vivem com medo do regresso do EI através das suas células adormecidas".

Após uma ascensão meteórica ao poder, em 2014, e a conquista de vastos territórios no Iraque e na Síria, o EI foi derrotado pelas forças curdo-árabes apoiadas pelos Estados Unidos quer no Iraque (em 2017), quer na Síria (em 2019).

No entanto e apesar da perda dos seus redutos nesses dois países, o grupo continua a reivindicar ataques realizados pelas chamadas células adormecidas, membros que se escondem no meio da população.

O EI disse que o ataque de segunda-feira visou "vingar 'jihadistas'" detidos pelas forças curdas, incluindo mulheres que estão no campo de Al-Hol, no norte da Síria, onde vivem quase 60 mil refugiados e deslocados de dezenas de países, a maioria dos quais são mulheres e crianças.